Ezra Collective, 14 de Agosto de 2023

Ezra Collective

Na maior pista de dança do mundo

texto: Manuel Cabugueira / fotografia: DR / Cláudio Ivan Fernandes

«Super Bock Super Rock is where I'm meant to be»: o statement dos Ezra Collective trouxe um fundo de vida ao último dia do festival. O quinteto fez soar o lema “May the Funk Be With You” tornando o Meco na «maior pista de dança do mundo».

O coletivo intitulado segundo o profeta Ezra, estudioso e líder espiritual da religião judaica, procura mostrar que também eles têm a lição estudada. Testemunho empolgante daquilo a que se chama “UK jazz”, contaminam o público mundial com a sua energia proveniente de uma fusão eclética de influências de jazz, afrobeat, hip-hop, soul e reggae – e muito investimento na promoção e comercialização. A essência do grupo parte disto mesmo, da capacidade de usar um som do passado e de o “arredondar” para o tornar mais acessível. Recorrem a referências como Fela Kuti, John Coltrane e J Dilla, procuram na música um sentido de comunidade que atraia para a pista de dança um público jovem diversificado. 

No último álbum, “Where I’m Meant To Be” (recentemente destacado para a shortlist do Mercury Prize 2023) mostram a sua versatilidade, recorrendo ao afrobeat de Kuti para amenizar os sons do jazz americano. Ou, como disse o baterista Femi Koleoso, no concerto na Tiny Desk: «we play jazz music and then mix it with everything else, you feel me»; é exatamente esta a aceitação que eles procuram na música e no público. O disco conta também com colaborações como Sampa the Great (que também deu um concertáço no segundo dia do festival), Kojey Radical, Emily Sandé e Nao. Uma conversa telefónica com o diretor Steve McQueen, e as palavras «I’m playing jazz my way» do baterista Tony Allen, ”criador” do afrobeat (na terceira faixa, “No Confusion”) ajudam a estabelecer  este sentimento de belonging.

Em palco claramente destaca-se os ritmos africanos de Femi Koleoso, o fluido piano de Joe Armon-Jones que dá um toque mais funky e inesperado, apoiado pelo baixo de TJ Koleoso (irmão mais novo do baterista). A acompanhar temos também o seguro saxofone tenor de James Mollison, e o trompete de Ife Ogunjobi que contribui com solos agradáveis com toques de sons afro-caribenhos. Com a palavra “alegria” presente em cada nota, ficamos claramente rendidos à “Victory Dance” (segunda faixa do álbum): nós e eles sem conseguir resistir à energia do Meco, lançando-se à festa acompanhados dos seus instrumentos, fundiram-se na multidão.  

 

fotografia: Cláudio Ivan Fernandes

fotografia: Cláudio Ivan Fernandes

fotografia: Cláudio Ivan Fernandes

 

P.S.: Aviso aos festiveleiros: DOMi & JD Beck e Kokoroko atuam no Paredes de Coura (18 de agosto).

Agenda

04 Outubro

Carlos Azevedo Quarteto

Teatro Municipal de Vila Real - Vila Real

04 Outubro

Luís Vicente, John Dikeman, William Parker e Hamid Drake

Centro Cultural de Belém - Lisboa

04 Outubro

Orquestra Angrajazz com Jeffery Davis

Centro Cultural e de Congressos - Angra do Heroísmo

04 Outubro

Renee Rosnes Quintet

Centro Cultural e de Congressos - Angra do Heroísmo

05 Outubro

Peter Gabriel Duo

Chalé João Lúcio - Olhão

05 Outubro

Desidério Lázaro Trio

SMUP - Parede

05 Outubro

Themandus

Cine-Teatro de Estarreja - Estarreja

06 Outubro

Thomas Rohrer, Sainkho Namtchylak e Andreas Trobollowitsch

Associação de Moradores da Bouça - Porto

06 Outubro

Lucifer Pool Party

SMUP - Parede

06 Outubro

Marta Rodrigues Quinteto

Casa Cheia - Lisboa

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