Vera Morais & Hristo Goleminov, 24 de Fevereiro de 2023

Vera Morais & Hristo Goleminov

Duas linhas em paralelo

texto: Nuno Catarino / fotografia: Herlander Almeida

A dupla Vera Morais (voz) e Hristo Goleminov (saxofone) levou ao pequeno espaço Água Ardente, em Lisboa, a sua música original. Estivemos lá.

Com selo do Carimbo Porta-Jazz, o disco “Consider the Plums” afirmou Vera Morais (voz) e Hristo Goleminov (saxofone) como dois nomes a ter em atenção no cada vez mais prolífico panorama musical nacional. Nesse disco ouvimos uma abordagem atípica e original, com voz e saxofone em permanente diálogo, voando criativamente sobre uma base de texto poético. No dia 22 de fevereiro a dupla levou ao pequeno espaço Água Ardente, em Lisboa, a sua música original.

A cantora Vera Morais é uma talentosíssima exploradora da voz e mostrou-o desde o início da atuação. Com uma enorme amplitude, está sempre a surpreender o ouvinte, indo de momentos de aveludada beleza até sons guturais. Ao seu lado, o saxofonista Hristo Goleminov esteve perfeito a acompanhar a voz, seguindo os caminhos de cada composição, enquanto demonstrava o seu excelente domínio instrumental. No seu processo de criação, Vera e Hristo criam duas linhas, que por vezes seguem em paralelo, por vezes fazem desvios, mas nunca se afastam demasiado e muitas vezes se encontram em uníssonos perfeitos.

Ao longo da atuação na Água Ardente, a dupla interpretou sobretudo temas do disco. Foram meia dúzia de composições com base em textos de William Carlos Williams, dois temas com poemas originais de Vera e dois temas puramente improvisados. A interpretação das composições foi rigorosa e a dupla mostrou muita fidelidade às gravações. Mas foi sobretudo nos temas improvisados que a dupla mais se soltou, com Goleminov a desenhar espirais e Vera a ir além dos limites, particularmente nos agudos.

A atuação fechou com “This is just to say”, o maior “hit” de Williams, o tal que faz referência às ameixas, com a dupla a exibir todos os predicados, com uma qualidade técnica, segurança e maturidade incomuns. Só foi pena que esta atuação tenha sido testemunhada por pouco público (estariam apenas cerca de quinze pessoas na sala, e já não havia mais cadeiras disponíveis). A qualidade desta dupla de jovens músicos, que transbordam talento, merece chegar a salas maiores e a muito mais público. Com o tempo lá chegarão.

Agenda

30 Março

Johannes Gammelgaard

Café Dias - Lisboa

30 Março

Pedro Branco e João Sousa “Old Mountain”

Miradouro de Baixo - Carpintarias de São Lázaro - Lisboa

30 Março

Marmota

Casa Cheia - Lisboa

30 Março

Filipe Raposo e Uriel Herman “Dois pianos, um universo”

Centro Cultural de Belém - Lisboa

30 Março

Inês Camacho

Cossoul - Lisboa

30 Março

Abyss Mirrors Unit

ZDB - Lisboa

30 Março

Daniel Levin, Hernâni Faustino e Rodrigo Pinheiro

Biblioteca Municipal do Barreiro - Barreiro

31 Março

Blind Dates

Porta-Jazz - Porto

01 Abril

Elas e o Jazz

Auditório Municipal de Alcácer do Sal - Alcácer do Sal

01 Abril

Ill Considered

Musicbox - Lisboa

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