That Is Why, 28 de Abril de 2022

That Is Why

Transcendência

texto: Nuno Catarino

That Is Why é um novo trio que junta Gonçalo Almeida (contrabaixo), Ziv Taubenfeld (clarinete baixo) e João Sousa (bateria). O grupo atuou no Penha sco, em Lisboa, naquela que foi a sua segunda apresentação ao vivo. Fomos conhecer este novo projeto.

Gonçalo Almeida é um daqueles músicos imparáveis, sempre envolvido em múltiplos projetos, sempre a concretizar ideias, promovendo ligações, explorando universos musicais diversos. Em dezembro tínhamos assistido, no Penha sco, ao duo AL!,  de Gonçalo Almeida e João Almeida. Neste dueto de contrabaixo e trompete a dupla tratou de explorar técnicas criativas ao mesmo tempo que encetava um diálogo atento. Agora, o contrabaixista regressou ao Penha sco com outro empreendimento, That Is Why: um trio que junta o seu contrabaixo com o clarinete baixo de Ziv Taubenfeld e a bateria de João Sousa. O grupo apresentou-se integrado no ciclo de concertos promovidos pela editora Robalo.

Almeida começou por apresentar o grupo, explicou que se tratava apenas da segunda apresentação ao vivo do grupo e informou que o trio iria interpretar uma única (e longa) composição. Explicou que o tema tinha como título “Maarifa”, evocando uma busca interior, pela transcendência (e a fazer lembrar inevitavelmente a “Maarifa Street” do saudoso Jon Hassel). O trio arrancou em conjunto, o contrabaixo com arco, o clarinete baixo ondulante, a bateria subtil. Os músicos estão concentrados. A música foi crescendo, com o clarinete a mostrar-se: Ziv Taubenfeld, músico de origem israelita radicado nos Países Baixos, ataca o clarinete baixo com flexibilidade, fazendo-o soar elástico. A música do grupo, assente na base de composição, abria muito espaço para a improvisação e o trio tratava de fazer a música evoluir com criatividade.

O fluxo musical abrandou e Almeida assumiu um solo no contrabaixo, agora em pizzicato – e não deixou de exibir o seu som preciso e o seu virtuosismo técnico. Novamente em trio, a música continuou, primeiro uma toada lenta, sentimental, para depois rapidamente a acelerar. Houve espaço para um solo de bateria de João Sousa (também propulsor rítmico dos Garfo), aqui geralmente discreto; entrou depois o contrabaixo, enquanto Sousa e Taubenfeld trabalhavam percussões secundárias. Aqui Almeida assumiu a melodia principal, reptilínia, que ia sendo repetida, com groove - momento chave da actuação. Ziv entrou no diálogo, sublinhando a melodia, e a partir daí foi sempre a subir com a dinâmica colectiva.

No Penha sco, o público - pouco, mas atento e dedicado - assistiu de uma rara apresentação de um novo e entusiasmante projeto. Com uma música que procura a transcendência e vai no caminho certo.

Agenda

25 Março

Duke Ellington’s Songbook

Sunset Jazz - Café 02 - Vila Nova de Santo André

25 Março

Mário Laginha com Orquestra Clássica da Madeira

Assembleia Legislativa da Madeira - Funchal

25 Março

The Rite of Trio

Porta-Jazz - Porto

25 Março

Sofia Borges (solo) “Trips and Findings”

O'culto da Ajuda - Lisboa

25 Março

George Esteves e Kirill Bubyakin

Cascais Jazz Club - Cascais

25 Março

Katerina L’Dokova

Auditório ESPAM - Vila Nova de Santo André

25 Março

Kurt Rosenwinkel Quartet

Auditório de Espinho - Espinho

26 Março

Giotto Roussies Blumenstrauß-Quartett

Cantaloupe Café - Olhão

26 Março

João Madeira, Carlos “Zíngaro” e Sofia Borges

BOTA - Lisboa

26 Março

Carlos Veiga, Maria Viana e Artur Freitas

Cascais Jazz Club - Cascais

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