Marcin Wasilewski Trio, 4 de Outubro de 2013

Marcin Wasilewski Trio

Quente e frio

texto Nuno Catarino

Numa das raras noites este ano dedicadas ao jazz pelo Centro Cultural de Belém, o pianista polaco trouxe o seu trio para uma música que ora foi enérgica, ora lenta e suave, mas sempre com o cunho da ECM. Wasilewski não parava quieto, mas os seus acompanhantes pareciam estar noutro filme…

Apesar de viver actualmente um período de estagnação - a sua dimensão institucional e o seu orçamento fariam supor que tivesse uma programação musical mais activa, diversificada e interessante –, o Centro Cultural de Belém tem no ciclo ECM Lisbon Series uma clara mais-valia da sua agenda. A editora ECM tem sido o motivo do ciclo de concertos que tem levado ao CCB alguns dos grandes nomes da actualidade, entre o jazz e a clássica.

Desta vez (ontem, quinta-feira 3) apresentou-se no Pequeno Auditório um grupo polaco, o Marcin Wasilewski Trio (em cima fotografado por Wouter Schenk). Com três álbuns na bagagem, o motivo central do concerto seria o seu trabalho mais recente, “Faithful”, de 2011. O pianista baralhou as contas e apresentou um alinhamento que atravessou a sua discografia, à qual juntou ainda algumas novidades.

A actuação arrancou com “Hyperballad”, tema da islandesa Björk, que integrou o disco de estreia do trio em 2004. Começou-se, pois, com um tempo lento, com Wasilewski a pingar suavemente as notas da melodia, acompanhado nesse tenso movimento pelos parceiros da dupla rítmica - Slawomir Kurkiewicz no contrabaixo e Michal Miskiewicz na bateria. 

Toda a emoção possível

Marcin Wasilewski por Daniel Sheehan 

Depois, o trio mudou de velocidade, passando para uma toada mais acelerada e enérgica com um conjunto alternado de composições, entre peças alheias e originais, oriundas ora do jazz, ora da clássica. Um dos temas que mais se destacaram foi “For Austin” – novamente mais abaladado, com o pianista a espremer dele toda a emoção possível.

Wasilewski foi marcante não apenas pela imaginação musical, tecendo rendilhados, mas também pela fisicalidade da sua interpretação: abanava o corpo com a música, levantava-se do banco, dava pulos, era o reflexo físico da intensidade da música. Já os seus parceiros tinham uma postura recatada (sobretudo o baterista, quase imóvel e inexpressivo). A intervenção musical de ambos foi equivalente à sua postura: eficaz, precisa, mas sem qualquer raio de luz.

O concerto fechou com “Night Train to You”, o único tema repescado do seu útlimo disco, “Faithful”. Veio ainda um “encore”, pedido pelo público que teve a generosidade de oferecer uma ovação em pé. Esta prestação veio confirmar que o pianista já saiu da sombra do histórico trompetista Tomasz Stanko, para encontrar o seu próprio caminho. Merece agora que todos os holofotes se dirijam para si.

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