Guimarães Jazz
Guimarães Jazz enfrenta um mundo em transformação
Entre 9 e 18 de novembro o Guimarães Jazz fará subir ao palco do Centro Cultural Vila Flor muitas razões musicais para ir até à cidade berço: regressa a t-shirt para aproveitar o verão de São Martinho, regressamos a uma das cidades mais extraordinárias da Europa e a música entusiasmante. Antecipemo-las.
Mantendo a identidade que determinou o sucesso deste festival, que é um dos mais importantes do país, o programador tenta equilibrar tradição e a inovação e ser diverso estilística, geográfica e geracionalmente. O programador montou uma proposta para estes tempos difíceis em que vivemos, que valoriza os músicos e está aberta a todo o tipo de públicos.
O grande destaque vai para o septeto “New Digs”, liderado por Michael Formanek, formado para este festival, e que conta com os membros do seu trio “Thumbscrew” - a guitarra de Mary Halvorson e a bateria de Tomas Fujiwara – adicionando mais um quarteto para tocar a música do contrabaixista.
O grupo foi montado propositadamente para este concerto e para além destes dois músicos extraordinários, contará com outros grandes nomes como Alexander Hawkins, um dos grandes pianistas da atualidade (que nesta formação tocará orgão e que ainda há pouco tempo nos encantou num concerto em Ljubljana), John O'Gallagher no saxofone alto e Chet Doxas no tenor e clarinete, e o dinamarquês Kasper Tranberg no trompete. Será certamente um momento muito especial e um privilégio poder assistir a uma estreia mundial de um grupo de Formanek e de música nova.
Formanek, que recentemente se mudou para Campo de Ourique, tendo obtido o estatuto de residente este mês, tem vindo a fazer discos extraordinários como: “Imperfect Measures” (crítica aqui), ou “As Things Do” editados pela Intakt.
De salientar também os concertos com orquestra, uma das assinaturas deste evento.
Inaugurará com a tradicional Vanguard Jazz Orchestra (do famoso Village Vanguard em Nova Iorque, com mais de meio século de atividade e atualmente dirigida pelo prestigiado compositor e arranjador Jim McNeely) que celebrará o centenário do nascimento do trompetista Thad Jones; a Orquestra de Guimarães num projeto liderado por Mário Costa (que incluirá o contrabaixista Bruno Chevillon, o trompetista Cuong Vu e o teclista Jozef Dumoulin). Encerrará com a Kathrine Windfeld Big Band. A big band da compositora dinamarquesa trará o guitarrista israelita Gilad Hekselman e o saxofonista afro-americano Immanuel Wilkins como solistas.
O jazz canónico surge no programa deste ano com dois pontos de vista: a histórica, com a banda “Something More” liderada pelo octagenário Buster Williams (sideman de Dexter Gordon e Herbie Hancock entre muitos outros e que desde os anos 90 assumiu uma tímida carreira de líder); e a que se funda em formas históricas para procurar o que a seu tempo ficou por descobrir, com o regresso do pianista Aaron Parks, desta vez com um projeto em nome próprio. E ainda o ensemble nova-iorquino Landline Plus One (que também dirigirá o concerto da orquestra dos jovens músicos da ESMAE que virão a Guimarães para uma semana de trabalho com os músicos da banda e que, como também já é tradicional, se apresentarão em conjunto no último dia, participando nas jam sessions, nos dias do festival).
Do lado do jazz mais investigador, de referir a permanência da parceria com a Sonoscopia (que nos dá sempre concertos mais exploratórios) e que nesta edição contarão com Elliot Sharp que já não nos visitava deste os anos 90. Também a associação com o Porta-Jazz tem sido frutífera (com os altos e baixos naturais deste modelo criativo) e inantecipável; a carta branca foi dada ao saxofonista José Soares que liderará um quarteto em diálogo com a artista/videasta argentina Várvara Tazelaar.
Já o concerto do ilustre contrabaixista britânico Barry Guy – um dos nomes centrais da improvisação livre europeia virá com um companheiro habitual, o pianista espanhol Agustí Fernández e com a violinista suíça Maya Homburger.
O Guimarães Jazz de 2023 terá um formato mais compactado. As alterações são contextualizadas por Ivo Martins, diretor artístico, ao confrontar-se ele próprio com as profundas alterações económicas pós-pandémicas, agravadas pela guerra e pela turistificação do país. Neste cenário a preocupação central foi a de valorizar os músicos, procurando manter a identidade do Guimarães Jazz.
Os bilhetes já estão à venda e a experiência de anos anteriores é que, apesar da grande capacidade do auditório vimarenense, alguns concertos esgotam com rapidez, por isso nada melhor que programar a ida antecipadamente. Os bilhetes podem ser comprados no local ou online nos locais habituais.
PROGRAMA COMPLETO GUIMARÃES JAZZ
32.ª edição, 9 a 18 novembro 2023
Quinta, 9 novembro / 21h30
Vanguard Jazz Orchestra: Thad Jones 100
Sexta, 10 novembro / 21h30
Aaron Parks Quartet
Sábado, 11 novembro / 15h00
Projeto Centro de Estudos de Jazz - Univ. Aveiro / Guimarães Jazz: Pedro Molina Quartet
Sábado, 11 novembro / 18h00
Maya Homburger, Agustí Fernández, Barry Guy TRIO
Sábado 11 novembro / 21h30
Michael Formanek Septet “New Digs”
Domingo, 12 novembro / 17h00
Projeto Orquestra de Jazz da ESMAE / Guimarães Jazz, dirigido por Landline Plus One
Domingo, 12 novembro / 21h30
Projeto Porta-Jazz / Guimarães Jazz: [Soma]
Quinta, 16 novembro / 21h30
Projeto Orquestra de Guimarães / Guimarães Jazz com Mário Costa
Sexta, 17 novembro / 21h30
Buster Williams & Something More
Sábado, 18 novembroo / 15h00
Projeto Sonoscopia / Guimarães Jazz: Elliott Sharp
Sábado, 18 novembro / 18h00
Landline Plus One
Sábado, 18 novembro / 21h30
Kathrine Windfeld Big Band featuring Gilad Hekselman e Immanuel Wilkins