Yazz Ahmed
Som com cor
A trompetista Yazz Ahmed vai apresentar-se ao vivo no Theatro Circo no próximo dia 20 de maio. Em Braga iremos ouvir uma música jazz original que combina elementos arábicos com um som psicadélico.
Numa entrevista recente à jazz.pt, questionado sobre «jovens trompetistas que lhe tocaram os ouvidos e a mente recentemente», o gigante Dave Douglas referiu Yazz Ahmed (a par de outros, como Susana Santos Silva, Dennis Adu, Alexandra Ridout e Marquis Hill). Com origens entre o Bahrein e o Reino Unido, Yazz Ahmed criou um universo musical próprio, uma música jazz original, de cores fortes, que combina elementos arábicos com um som psicadélico. Afirmou-se como uma das figuras de proa do novo jazz inglês, cena em permanente ebulição de onde emerge algum do jazz mais eletrizante da atualidade.
Ao longo do seu percurso, Ahmed colaborou com nomes como Toshiko Akiyoshi, Rufus Reid, John Zorn, Ash Walker e London Jazz Orchestra, tendo atuado e gravado com Radiohead, Lee “Scratch” Perry, ABC, Swing Out Sister, Joan as Police Woman, Tarek Yamani, Amel Zen e These New Puritans. Assume como influência maior no seu percurso Rabih Abou-Khalil mas, além do libanês tocador de oud, a trompetista vai também buscar influência a músicos como Ibrahim Maalouf, Jon Hassell e Kenny Wheeler (com os quais o seu som encontra semelhanças). Editou em 2011 o seu disco de estreia, “Finding My Way Home” (Suntara) e desde então editou mais dois registos: “La Saboteuse” (Naim, 2017) e “Polyhymnia” (Ropeadope, 2019). Este último, “Polyhymnia”, assume-se como uma celebração da coragem feminina, prestando homenagem a ativistas/feministas como Rosa Parks, Malala Yousafzai, Ruby Bridges, Haifaa Al-Mansour, Barbara Thompson e as sufragistas. Na calha estará uma nova gravação…
Agora, Yazz Ahmed vai apresentar-se ao vivo em Braga, ao leme de um quarteto que junta Ralph Wyld no vibrafone, David Manington no baixo e Martin France na bateria. A trompetista atuou em Ponta Delgada, no Teatro Micaelense, em novembro de 2021. Sobre este concerto, Rui Miguel Abreu testemunhou assim no Rimas e Batidas: «Acompanhada por um trio de excelentes músicos – o vibrafonista que é seu “cúmplice” frequente Ralph Wyld e ainda David Manington no baixo e Martin France na bateria – a ultra-comunicativa Yazz Ahmed apresentou material retirado dos seus dois últimos álbuns (...). Ao longo de mais de hora e meia de concerto, alternando entre o trompete e o fliscorne e recorrendo pontual, mas de forma bastante interessante a um processador de efeitos e a pedais, Yazz brilhou com uma musicalidade funda, expressiva, bastante melódica e poética, mas com espaço para derivas mais abstratas, soando sempre expansiva e envolvente, como se a música que produz fosse um convidativo manto de veludo. Não que o seu jazz tenha algo de soft, muito pelo contrário, mas porque ao cruzar o imenso espaço que se estende entre Miles Davis e Jon Hassell, por um lado, e Rabih Abou-Khalil ou Ibrahim Maalouf, por outro, Ahmed deixa bem claro o poder da imaginação, a capacidade de desenhar perante os nossos ouvidos novos mundos, plenos de cor, harmonicamente representada neste concerto não apenas através do seu constante e intrincado diálogo com o vibrafone de Wyld, mas igualmente com o ultra-melódico baixo de Manington.»
O bilhete está carimbado para o dia 20 de maio. O concerto tem início às 21h30 e os bilhetes, que já estão à venda, têm o preço de 15€ (7,5€ para quem tenha o cartão Quadrilátero). Preparemo-nos para viajar.