10.º Amadora Jazz

Diferentes perspetivas

texto: Nuno Catarino / fotografia: Monica Jane Frisell

O festival arranca no dia 4 maio, às 21h00, com a atuação do Bill Frisell Trio nos Recreios da Amadora. Numa entrevista publicada na jazz.pt, em julho do ano passado, Frisell confessava: «Logo no início da pandemia, a primeira coisa que fiz foi pegar na minha guitarra. Parecia que, todos os dias, era isso que me fazia sentir, de alguma forma, confortável. Então escrevi muito... Tenho pilhas de cadernos de composições que escrevi, mas que não foram tocadas por ninguém. Normalmente, se escrevo música, escrevo algumas coisas e depois toco-as com outra pessoa para que comecem a ganhar vida. Mas agora é apenas papel, pilhas de papel que ninguém tocou. Por isso, ainda nem tenho a certeza se já se pode considerar música.» Será que alguma dessa música original será tocada na Amadora? A guitarra cristalina de Frisell estará acompanhada por Tony Scherr (contrabaixo) e Kenny Wollesen (bateria). 

No dia seguinte, quinta-feira, dia 5, às 21h00, será a vez do pianista Craig Taborn se apresentar a solo nos Recreios da Amadora. Com um percurso de quase três décadas, Taborn tem-se afirmado como uma das vozes mais originais do piano jazz contemporâneo. Entre a maravilha “Junk Magic” (Thirsty Ear, 2004), a flirtar com eletrónica, até às edições na reputada ECM – “Avenging Angel” e “Daylight Ghosts” ou o mais recente “Shadow Plays” (2020, piano solo, gravado ao vivo na Konzerthaus de Viena) – a sua imaginação musical não tem limites. Na Amadora, Craig Taborn irá apresentar-se a solo, apostando provavelmente no repertório do disco solo. 

Na noite de sexta-feira, dia 6 maio, às 21h00 os Recreios da Amadora irão assistir à atuação de Tcheka com Mário Laginha. O lendário pianista, que acaba de editar o belíssimo disco “Jangada”, vai aqui acompanhar o cantor, compositor e guitarrista cabo-verdiano Tcheka. A dupla tem trabalhado em parceria numa original reinvenção da tradição musical de Cabo Verde com pinceladas do jazz. 

Para sábado, dia 7, estão agendados dois concertos. Ao fim da tarde, pelas 18h00, o Auditório de Alfornelos acolhe o Diogo Alexandre & Tomás Marques Trio. Este grupo é co-liderado por dois dos mais solicitados talentos da novíssima geração do jazz nacional, o saxofonista Tomás Marques e o baterista Diogo Alexandre; estarão acompanhados por um peso-pesado, o contrabaixista Nélson Cascais. Já à noite, pelas 21h00, o trio de Beatriz Nunes, Paula Sousa e Mário Franco apresenta-se nos Recreios da Amadora. Na bagagem estará o disco “À Espera do Futuro” – entre a voz, o piano e o contrabaixo, nasce uma música original, com o jazz a namorar com a tradição portuguesa. No concerto, o contrabaixista Mário Franco irá substituir André Rosinha, que participou na gravação do disco.

Fechando o festival, no domingo, dia 8 maio, pelas 16h00 o Cineteatro D. João V vai ser o palco da atuação da Gerajazz. A Orquestra Geração, com direção artística do maestro e professor Eduardo Lála, é «o “El Sistema” português», como lhe chamou Eray Aytimur no seu recente artigo sobre a cena jazz portuguesa. O Gerajazz é o projeto dedicado ao jazz que nasceu no seio da Orquestra Geração, reunindo talentos muito jovens, um projeto que tem o objetivo de promover o desenvolvimento social através da música. A Gerajazz tem colaborado com vários músicos, como Ricardo Toscano, Mário Laginha e Salvador Sobral, entre outros. Este concerto final tem entrada gratuita (mediante levantamento de bilhete e limitada à lotação da sala).

Os bilhetes para os restantes concertos estão à venda online (www.ticketline.sapo.pt) e no local, duas horas antes do início dos espetáculos.