Roots Magic Sextet: “Long Old Road” (Clean Feed)
Clean Feed
Os Roots Magic são uma daquelas surpresas queridas. Apareceram de mansinho, vindos de Itália com blues no nome de família e jazz no apelido, por casamento. Originalmente são um quarteto, mas surpreenderam o público português (Jazz em Agosto de 2021) com a estreia de uma formação alargada a seis. Ao formato original que tocava com dois sopros (Errico De Fabritiis e Alberto Popolla), contrabaixo (Gianfranco Tedeschi) e bateria (Fabrizio Spera) adicionaram o veterano Eugenio Colombo (vários saxofones) e o vibrafonista Francesco Lo Cascio.
Os Roots Magic são uma daquelas surpresas queridas. Apareceram de mansinho, vindos de Itália com blues no nome de família e jazz no apelido, por casamento. Originalmente são um quarteto, mas surpreenderam o público português (Jazz em Agosto de 2021) com a estreia de uma formação alargada a seis. Ao formato original que tocava com dois sopros (Errico De Fabritiis, e Alberto Popolla), contrabaixo (Gianfranco Tedeschi) e bateria (Fabrizio Spera) adicionaram o veterano Eugenio Colombo (vários saxofones) e o vibrafonista Francesco Lo Cascio.
“Long Old Road” é o quarto disco do grupo e o que traz mais temas originais (que são apresentados como “citações” de escritores e ativistas como Toni Morrison, Benjamin Zephaniah e Z.Z.Packer). Nas edições anteriores o grupo tinha-se dedicado mais à revisão de temas de blues e jazz. Neste novo CD com nove músicas, só quatro são releituras.
Abre com a soul de Kahil el Zabar para nos mostrar o novo som, em que se destaca claramente o alargamento tímbrico feito pela flauta, saxofone e clarinete e o contraste com o vibrafone. Que bonito logo o primeiro solo no clarinete baixo com a bateria apressada. O brilho do som do vibrafone liga-se - por contraste - com os contínuos dos sopros. “Sula”, o segundo tema, leva-nos para territórios mais próximos dos discos anteriores, mas logo de seguida “Run As Slow As You Can” repõe o soulful-groove dos novos Magic. O som coletivo é agora mais cheio e capaz de construir segundas e terceiras vozes. A música continua com o mesmo equilíbrio entre blues e abstração.
Com mais cor e som os Roots Magic ganharam, mais do que pulmão, um coração novo. A música está maior, mantendo o encanto: os italianos, que são excelentes melodistas, tocam com elegãncia e muito conhecimento os blues, que agora tendem mais para a soul que no passado. “Amber” e “When The Elephant Walks” são talvez os melhores cartões de visita para uma primeira audição. O tema que dá nome ao disco “Long Old Road”, um clássico do blues popularizado por Bessie Smith, torna-se necessário para perceber a magia das releituras: avança prisioneiro, em assombração, mostrando-nos a inteligência dos arranjos mesmo em canções fundacionais que pareciam fechadas e resolvidas. Para encerrar “Long Old Road”, os Roots Magic reanimam numa versão triunfante de “Things Have Got to Change” de Cal Massey que, infelizmente, é tão útil como quando foi gravada em 1971, por Archie Sheep.
O agora sexteto continua a tocar uma forma muito particular de blues avant-garde, com mais soul e swing que no passado. Vêm diretamente de Itália, trazendo todo a tradição melódica e de arranjos do país, mas antes de chegarem a este disco, fizeram escala em Greenwood, Mississippi, onde Robert Johnson morreu, e em Memphis, Tennessee, de onde saiu a secção de metais de Otis Redding.
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Long Old Road (Clean Feed)
Roots Magic
Alberto Popolla (clarinetes, baixo elétrico e banjo); Errico De Fabritiis (saxofones alto e barítono); Eugenio Colombo (flautas. saxofone soprano); Francesco Lo Cascio (vibrafone e percussão); Gianfranco Tedeschi (contrabaixo); Fabrizio Spera (bateria, percussão, cítara)