Chet Baker: “Chet Baker Sings (The Definitive Collector's Edition Box Set)” (Jazz Images Records)

Chet Baker Sings

Chet Baker: “Chet Baker Sings (The Definitive Collector's Edition Box Set)” (Jazz Images Records)

Jazz Images

Gonçalo Falcão

“Chet Baker Sings” é, ainda hoje, um dos discos mais populares da história do jazz. O disco revelou o talento de Chet Baker como cantor que é consentâneo com a sua forma pensativa de tocar trompete.

O disco foi originalmente lançado em 1954 num vinil de 10 polegadas (Pacific Jazz PJLP-11) com apenas 8 músicas. A sua enorme popularidade no seu tempo (apesar de nem toda a crítica o ter recebido bem) levou à sua reedição logo em 1954 em dois singles de 45 rpm mono e depois, em 1956, em LP (Pacific Jazz PJ-1222).

Chet Baker criou um estilo e uma forma de cantar que, de algum modo, epitomiza aquilo que hoje designamos por Cool jazz e que o tornou mundialmente conhecido. A voz de Chet é meiga e frágil, nada conforme com os padrões do que deveria ser uma voz masculina do seu tempo (e ainda hoje). Tem um fraseado sempre surpreendente, que abre espaços e silêncios. Apesar de Baker ser um trompetista, é através da voz que se torna conhecido e que chega a um público alargado que depois o irá descobrir no seu instrumento (apesar de em “Chet Baker Sings” também o ouvimos a tocar, é em grande medida a sua voz que marca o disco).

A história deste disco começa no ano anterior, quando Baker é chamado para o quarteto (sem piano) de Gerry Mulligan que irá inaugurar a editora Pacific Jazz Records. É aqui que aparece a famosa versão de "My Funny Valentine". O Quarteto do saxofonista durou menos de um ano (o líder foi preso, acusações relacionadas com droga) o que levou Baker a formar o seu próprio quarteto para gravar para a Pacific( atenta ao estilo "West Coast"). As gravações de 23 e 30 de Julho de 1956 no Forum Theatre de Los Angeles juntam-se com a que tinha sido feita dois anos antes, em 1954 nos Capitol Studios de Hollywood e constroiem aquele que será o segundo disco do trompetista, o famoso “Chet Baker Sings”.

É hoje considerado um clássico e continua a ser um best-seller. Não surpreende por isso o lançamento desta caixa que reúne o LP original numa edição de vinil em 180 gramas (respeita a capa original do LP de 1956), numa encadernação gatefold ilustrada com as fotos de William Claxton tiradas nas sessões de gravação (autor da capa original). Também estas imagens de Claxton são importantes para completar esta história pois acabarão por se tornarem na definição do Cool.

Traz ainda um CD que, para além dos 8 temas do LP original tem 6 faixas extra, e um livro de capa dura, também ilustrado, com um texto de Brian Morton (The Penguin Guide to Jazz Recordings e The Blackwell Guide to Recorded Contemporary Music) sobre o caminho até este disco e ainda de Riccardo Del Fra (compositor, contrabaixista e arranjador italiano que tocou nove anos com Chet Baker a partir dos anos 80, e que também participa no filme “Chet’s Romance” dirigido por Bertrand Fèvre), bem como dezenas de fotos raras e inéditas de William Claxton, Jean-Pierre Leloir e Bob Willoughby.

“Chet Baker Sings” continua a ser um disco excelente de ouvir. É um clássico lindíssimo que criou uma nova ideia para a voz masculina no jazz. Gravado um ano antes de “Birth Of The Cool” de Miles Davis, marca definitivamente a ideia do que é o Cool e continua a ser uma das melhores portas de entrada para fazer alguém gostar de jazz.

  • Chet Baker Sings (The Definitive Collector's Edition Box Set)

    Chet Baker Sings (The Definitive Collector's Edition Box Set) (Jazz Images)

    Chet Baker

    Chet Baker (trompete, voz); Russ Freeman (piano); Carson Smith (contrabaixo); Bob Neel (bateria)

Agenda

10 Junho

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O Vazio e o Octaedro

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