Omri Ziegele Where’s Africa: “That Hat” (Intakt)
Intakt
Colocado o laser em funções neste novo lançamento da Intakt regressamos a um som que nos faz lembrar a diáspora jazzística sul-africana dos anos 70: entra um órgão, a bateria e o saxofone e umas canções dançáveis aparecem nas colunas. Isto numa editora Suíça. Vamos saber mais. Na música seguinte mantêm-se os ritmos e melodias fáceis mas aproximamo-nos dos blues. Depois de ritmos mais caribenhos e da morna cabo-versiana. O disco vai tocando e viajando por diversas geografias rítmicas, sempre num registo atraente e leve.
Apesar do altista ser Israelita, é provavelmente na Suíça onde se estabeleceu, que encontramos de forma mais clara as bases da sua música: uma música vincadamente ritmada e de fácil audição. “That Hat” é o seu décimo primeiro CD na casa helvética, desta feita com o seu trio “Where’s Africa” e é um disco comunicativo, afável, de música de circunstância. São canções orelhudas que podem ser dançadas ou tocadas num programa da manhã da rádio.
Nem sempre foi assim. A primeira encarnação deste grupo foi um duo com Irène Schweizer no piano; aumentou depois para trio com a chegada de Makaya Ntshoko (sul-africano que tocou com Dollar Brand e Hugh Masekela) para a bateria. Depois Yves Theiler substituiu Irène Schweizer nos teclados (essencialmente órgão) e Dario Sisera veio para a bateria e a música mudou. “That Hat” é o segundo disco deste grupo com esta formação ( “Going South”, de 2015, que passou despercebido, foi o primeiro).
Evoca-se aqui uma certa raiz africana em todas as suas migrações, mostrada através dos ritmos. É em “Carpatian Folk Song” que o CD se torna mais interessante, com uma música mais aberta, menos rítmica em que Ziegele usa a flauta no início e só depois entra o piano elétrico numa música muito bonita e surpreendente que dá lugar depois à bateria e ao saxofone alto. Nos restantes sete temas é nos solos que encontramos maior interesse: Ziegele sola com facilidade e fluência admirável, mas sem sair muito da estrutura harmónica que baliza as músicas.
Em Zurique Omri Ziegele parece estar em todo o lado: lidera várias bandas, organiza festivais ou programa spots locais, ensina. Com este trio explora este jazz mais fácil de ouvir, veraneante, festivaleiro, que não levanta questões mas que se ouve com prazer. “That Hat” é um disco para o Verão, lançado num Inverno particularmente triste e pesaroso.
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That Hat (Intakt)
Omri Ziegele Where’s Africa
Omri Ziegele (saxofone alto, flauta, voz), Yves Theiler (teclados), Dario Sisera (bateria e percussões)