Dança dos Desastrados

Miguel Ângelo: “Dança dos Desastrados” (Carimbo Porta-Jazz)

Carimbo Porta-Jazz

Rui Eduardo Paes

Eis um álbum que não é apenas um álbum. Seja ouvindo-o no Bandcamp ou na edição física encontramos um “link”, https://www.miguelangeloctb.com/dancadosdesastrados/, que nos permite outra fruição desta nova obra de Miguel Ângelo. Beneficiando da formação em informática do contrabaixista e compositor e da arte de Maria Mónica, a “designer” da capa e a animadora das imagens que acompanham a música, encontramos um jogo interactivo que vem justificar o mote de “Dança dos Desastrados”: a musicação de danças tradicionais, sejam elas reais ou imaginárias.

A figura que se desloca pela paisagem a preto-e-branco (com uns toques de azul aqui e ali) somos nós próprios, atravessando um campo de árvores e plantas que parecem calcinadas, mas que se mexem à nossa vontade, revivendo, com umas quantas silhuetas humanas a dançarem ao longo do espaço que vamos percorrendo. A natureza rarefeita, negra, quase extraterrestre, em que nos movemos traz consigo uma mensagem: mesmo que os motivos para dançar não sejam muitos nos dias que correm, é isso que faz precisamente com que seja imprescindível fazê-lo.

Ângelo conta com o mesmo grupo que gravou “Branco” e “A Vida de X”, incluindo o saxofone alto doce e enigmático (por vezes algo crespo, de modo a evitar que tudo soe demasiado açucarado) de João Guimarães, o piano atmosférico, harmonizador (e tão poético a solar) de Joaquim Rodrigues e a bateria métrica, dinamizadora (sempre em próxima ligação com o contrabaixo) de Marcos Cavaleiro.

Juntos criam uma realidade paralela de sonho num contexto que podia ser de pesadelo. Acontece exactamente o que é anunciado, «as artes complementam-se, cruzam-se, atropelam-se e em conjunção permitem novas realizações e realidades», criando «um novo mundo “autónomo” digital» em que música, desenho e tecnologia potenciam «a experiência sensorial do ouvinte / interlocutor». E quando, na ficha técnica, Miguel Ângelo agradece a todos os que contribuíram para o tornar «numa melhor pessoa e num músico mais inspirado, criativo e competente» temos explicitado o factor humano que define o âmago desta proposta musical.

  • Dança dos Desastrados

    Dança dos Desastrados (Carimbo Porta-Jazz)

    Miguel Ângelo

    Miguel Ângelo (contrabaixo, composição); João Guimarães (saxofone alto); Joaquim Rodrigues (piano); Marcos Cavaleiro (bateria)

Agenda

25 Março

Duke Ellington’s Songbook

Sunset Jazz - Café 02 - Vila Nova de Santo André

25 Março

Mário Laginha com Orquestra Clássica da Madeira

Assembleia Legislativa da Madeira - Funchal

25 Março

The Rite of Trio

Porta-Jazz - Porto

25 Março

Sofia Borges (solo) “Trips and Findings”

O'culto da Ajuda - Lisboa

25 Março

George Esteves e Kirill Bubyakin

Cascais Jazz Club - Cascais

25 Março

Katerina L’Dokova

Auditório ESPAM - Vila Nova de Santo André

25 Março

Kurt Rosenwinkel Quartet

Auditório de Espinho - Espinho

26 Março

Giotto Roussies Blumenstrauß-Quartett

Cantaloupe Café - Olhão

26 Março

João Madeira, Carlos “Zíngaro” e Sofia Borges

BOTA - Lisboa

26 Março

Carlos Veiga, Maria Viana e Artur Freitas

Cascais Jazz Club - Cascais

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