Red List Ensemble: “Scope” (Creative Sources)

Rui Eduardo Paes

Músico português que hoje é parte activa da cena berlinense da improvisação, o violoncelista Guilherme Rodrigues é o mentor (que não o líder, pois trata-se de um colectivo não hierárquico) deste Red List Ensemble em estreia discográfica. Nele encontramos também uma improvisadora (além de compositora e intérprete de música contemporânea) de origem lusitana que escolheu Berlim como cidade de habitação, a percussionista Sofia Borges, ao lado de figuras de diversas nacionalidades que na Alemanha têm a base do seu trabalho, designadamente Marko Hefele (violino), Rieko Okuda (piano), Michael Thieke (clarinete), Matthias Muller (trombone), Mia Dyberg (saxofone alto), Klaus Kurvers (contrabaixo) e Richard Scott (electrónica).

Na linha das preferências da música erudita desde o século passado e da música improvisada que se emancipou da herança do free jazz, as opções daquilo que ouvimos em “Scope” vão para o timbre (e daí os cromatismos que atravessam todo o disco) e para a textura (a criação de massas sonoras de densidade vária). Se são essas também as características da tendência reducionista da improvisação, com a qual alguns destes músicos estão identificados, a abordagem é outra e define-se pela relacionação do “near silence” com o ruído, numa obliquidade performativa que volta a cruzar em John Cage as noções de que tanto o silêncio como o som supostamente não musical podem ser matéria da música. O interessante é que, dentro deste quadro em que quietude e intensidade se vão mesclando e em que o muito pequeno, enquanto condição, não contradiz a quantidade com que tais diminutos elementos vão surgindo (o reducionismo advogava, para além de uma diminuição de volume, também uma diminuição de sons tocados), a influência do jazz faz-se algumas vezes sentir, sobretudo nas intervenções de Muller, Thieke e Dyberg. Há, de resto, por aqui um curioso regresso a conceitos mais convencionais de harmonia e de ritmo, em alto contraste com o uso de técnicas alternativas na execução dos instrumentos. Um álbum que merece escuta atenta.

Agenda

25 Março

Duke Ellington’s Songbook

Sunset Jazz - Café 02 - Vila Nova de Santo André

25 Março

Mário Laginha com Orquestra Clássica da Madeira

Assembleia Legislativa da Madeira - Funchal

25 Março

The Rite of Trio

Porta-Jazz - Porto

25 Março

Sofia Borges (solo) “Trips and Findings”

O'culto da Ajuda - Lisboa

25 Março

George Esteves e Kirill Bubyakin

Cascais Jazz Club - Cascais

25 Março

Katerina L’Dokova

Auditório ESPAM - Vila Nova de Santo André

25 Março

Kurt Rosenwinkel Quartet

Auditório de Espinho - Espinho

26 Março

Giotto Roussies Blumenstrauß-Quartett

Cantaloupe Café - Olhão

26 Março

João Madeira, Carlos “Zíngaro” e Sofia Borges

BOTA - Lisboa

26 Março

Carlos Veiga, Maria Viana e Artur Freitas

Cascais Jazz Club - Cascais

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