Dystil: “Dystil” (Clean Feed)
A música deste trio passa-se entre os instrumentos musicais e uma série de outros sons que os envolvem. Cada um dos músicos toca um instrumento – Brian Qu o saxofone alto, Quincy Mayes o piano e Mark Ballyk a bateria – e leva uma série de objectos que ajudam a construir umas atmosferas sonoras estranhas, normalmente pesadas, que envolvem o som dos ditos instrumentos. O processo do disco começou uns meses antes da gravação, quando o trio, feito de músicos ainda nos vintes, vindos de geografias distantes que caíram no caldeirão nova-iorquino, decidiram que, para tocarem juntos, tinham de viver juntos. Três meses depois da partilha de vidas e de construírem uma relação falada, de afinidades e gostos, veio a música. A gravação dessa improvisação é o que a Clean Feed nos dá a ouvir.
Os objectos que foram recolhendo e que trazem para a gravação montam uma base quase fílmica, de coisas que se estão a passar noutras divisões distantes de onde a música está a ser tocada, mas que vão entrando pela gravação. Como se estivessem na sala de uma casa ocupada por gente pouco faladora, mas com muita vontade de bricolar. A bateria usa frequentemente elementos ritmos rápidos e o saxofone e o piano estão focados em construir soluções musicais coerentes, simpáticas. Esta é uma música boa de ouvir, que procura soluções harmoniosas e ideias compreensíveis. O trabalho entre os instrumentos (por vezes “preparados”) e os objectos que dificilmente identificamos é excelente e o disco ganha um interesse superior nesta ligação estranha entre os barulhos de que não conseguimos identificar a proveniência e os sons musicalmente coerentes. O último tema do disco, cantado com a transformação da voz de Ballyk pelo vocoder, fecha a coisa na perfeição.