Vítor Pereira Quintet: “Somewhere in the Middle” (edição de autor)

Rui Eduardo Paes

A não ser no Porto, cidade onde nasceu e onde o seu quinteto se apresentou na edição de 2016 do Festival Porta-Jazz, o guitarrista e compositor Vítor Pereira é injustamente pouco conhecido em Portugal. Foi no Reino Unido que ganhou fama, com a imprensa a reconhecer que o seu grupo se tornou num dos «melhores ao vivo a tocarem hoje em Londres». É, pois, em terras de Sua Majestade que reside mais este músico da diáspora portuguesa do jazz na Europa: Pereira partiu para a capital inglesa em 2004 a fim de estudar na Middlesex University e por lá ficou. Neste “Somewhere in the Middle”, o seu terceiro registo depois de “Doors” e “New World” (com lançamento previsto para o próximo dia 5 de Dezembro), encontramo-lo, de resto, com músicos locais, designadamente os saxofonistas Chris Williams (alto) e Alam Nathoo (tenor), o contrabaixista Mick Coady e o baterista Adam Teixeira. Se a crítica compara o Vítor Pereira Quintet com os grupos britânicos Led Bib e Trio VD, distingue-o o facto de estar mais ancorado na tradição do jazz.

O próprio título explicita qual é a via perseguida, e se Pereira reivindica a colocação num «plano simbiótico de mediação das estimulações mútuas» entre a banda e o público que foi conquistando em concertos particularmente intensos, se o “in the Middle” alude ainda à sua alma mater académica, refere sobretudo um posicionamento intermédio na própria música: de um lado está o jazz, se bem que composicionalmente perspectivado pela formação clássica que teve em Portugal, e do outro o rock, bem patente no constante “riffing” dos temas. Vítor Pereira refere Vijay Iyer como uma influência na escrita e os Queens of the Stone Age como uma referência dos formatos escolhidos. Ou seja, há tanto de complexidade estrutural e contrapontual quanto de “groove”. Sustenta ele que, quando se «navega no meio», há «muito espaço para ser inovativo e único», e de facto o que ouvimos justifica plenamente os parâmetros de abertura, elasticidade e versatilidade procurados. Cá está mais um exemplo de um jazz vibrante e afirmativo que grita «estamos aqui e não nos podem ignorar». Não o ignoremos então.

Agenda

10 Junho

Imersão / Improvisação

Parque Central da Maia - Maia

10 Junho

O Vazio e o Octaedro

Parque Central da Maia - Maia

10 Junho

Marta Hugon & Luís Figueiredo / Joana Amendoeira “Fado & Jazz”

Fama d'Alfama - Lisboa

10 Junho

Maria do Mar, Hernâni Faustino e João Morales “Três Vontades de Viver”

Feira do Livro de Lisboa - Lisboa

10 Junho

George Esteves e Kirill Bubyakin

Cascais Jazz Club - Cascais

10 Junho

Nuno Campos 4tet

Parque Central da Maia - Maia

10 Junho

Tim Kliphuis Quartet

Salão Brazil - Coimbra

10 Junho

Big Band do Município da Nazaré e Cristina Maria “Há Fado no Jazz”

Cine-teatro da Nazaré - Nazaré

10 Junho

Jorge Helder Quarteto

Fábrica Braço de Prata - Lisboa

11 Junho

Débora King “Forget about Mars” / Mayan

Jardins da Quinta Real de Caxias - Oeiras

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