Fredrik Nordström: “Needs” (Clean Feed)
Uns “vikings” invadiram o meu leitor de CDs e de lá não saem há semanas. Não é um esquema de alugueres por Internet nem uma invasão bárbara. É música tão boa que toca em “repeat”. Feliz por vezes, outras com a melancolia de quem vê demasiada neve, o disco começa por impressionar pela formação e pela qualidade dos músicos em campo: um octeto com o melhor do jazz sueco actual. Mas na verdade não é um octeto, e sim um duplo quarteto de metais, contrabaixo e bateria. Assim a música raramente assume a dimensão orquestral porque funciona quase sempre com dois grupos paralelos. Os saxofonistas são Fredrik Nordström e Fredrik Ljugkvist, o trompete e o trombone estão entregues a Niklas Barnö e a Mats Äleklint, os contrabaixos pertencem a Filip Augustson e Torbjörn Zetterberg e as baterias a Christopher Cantillo e a Fredrik Rundqvist.
A música escrita por Nordström é belíssima e é este o ponto forte a salientar. Temas com uma boa onda assinalável que fazem da melodia e de uma certa descontracção os argumentos principais. Ouvimos os suecos como quem espera pelo final de uma história num livro bem escrito, sem sabermos se o que interessa mais é o prazer de ler o Português ou a conclusão das vidas das personagens. “Needs” soa ao melhor da Arkestra de Sun Ra no seu apogeu melódico (Jazz in Silhouette, Sound of Joy, Angels and Demons at Play / The Nubians of Plutonia). Trata-se de uma “small big band” que toca sem a coesão ellingtoniana, mas usa a elasticidade da orquestra de Duke Ellington, em temas que parecem máquinas a trabalhar sem um objectivo específico, apenas importando a beleza do funcionamento. Até à data, um dos melhores discos de 2018.