Staub Quartet: “House Full of Colors” (JACC Records)

Rui Eduardo Paes

Calhou que este “House Full of Colors” fosse lançado pouco tempo depois de outro disco dominado por instrumentos de cordas com a participação de Carlos “Zíngaro”, “Chant”. A coincidência serviu ainda mais para salientar as diferenças existentes entre o Staub Quartet e o Nuova Camerata. Se esta última formação tem como mote a invenção de uma outra música de câmara (improvisada, sim, mas na continuidade da tradição escrita), já o projecto perseguido pelo quarteto formado, além do mencionado violinista, por Marcelo dos Reis em guitarra, Miguel Mira no violoncelo e Hernâni Faustino no contrabaixo, sustenta as suas estratégias musicais no envolvimento dos cordofones de arco num tipo de improvisação que, regra geral, privilegia os sopros. As participações do contrabaixista Miguel Leiria Pereira, do violoncelista Ulrich Mitzlaff e de Pedro Carneiro – o maestro da Orquestra de Câmara Portuguesa – na marimba mediaram as conexões clássicas ouvidas em “Chant”, mas agora os nomes de Mira e Faustino indicam-nos que a matriz estará no jazz, o da versão free, e nessa tendência a que Derek Bailey chamou «música não-idiomática», em se tratando deles fazendo prever uma exploração das ambiguidades entre as duas frentes estéticas. E assim é, de facto…

Se, no Nuova Camerata, Carneiro funcionou duplamente como o “joker”, o instrumentista fora do naipe (se bem que tomando a marimba como outra fonte sonora fabricada em madeira), e como o íman da procurada condição de câmara, no Staub Quartet é dos Reis que está simultaneamente fora, por tocar o único instrumento dedilhado, e dentro, por também ele utilizar cordas. O curioso é que é ele, sobretudo, quem introduz padrões rítmicos fixos, por meio de repetições de motivos, agindo como o esqueleto do todo. Ou seja, se o eixo jazz / improv é estilisticamente garantido por Miguel Mira (Rodrigo Amado Motion Trio) e Hernâni Faustino (Red Trio), acaba por ser o guitarrista de Coimbra a fornecer grande parte dos elementos figurativos desta música tendencialmente abstracta. A nível de pulsação, entenda-se, pois as referências eruditas e vagamente “folky” de “Zíngaro” fazem o mesmo do lado melódico, por mais que essas melodias sejam fragmentadas ou distorcidas. Uma coisa é certa: a visceralidade de certas passagens deste CD é indubitavelmente a do free jazz e a da free music. Não a encontramos na “nuova camerata” que por estes dias se vai construindo. 

Agenda

30 Maio

Hugo Ferreira e Miguel Meirinhos

Maus Hábitos - Porto

01 Junho

Beatriz Nunes, André Silva e André Rosinha

Brown’s Avenue Hotel - Lisboa

01 Junho

Ernesto Rodrigues, José Lencastre, Jonathan Aardestrup e João Sousa

Cossoul - Lisboa

01 Junho

Tracapangã

Miradouro de Baixo - Carpintarias de São Lázaro - Lisboa

01 Junho

Mano a Mano

Távola Bar - Lisboa

02 Junho

João Mortágua Axes

Teatro Municipal da Covilhã - Covilhã

02 Junho

Orquestra de Jazz da Universidade de Aveiro & Shai Maestro

Auditório Renato Araújo - Universidade de Aveiro - Aveiro

02 Junho

Seun Kuti & Egypt 80

Auditório de Espinho - Espinho

02 Junho

Vasco Pimentel Trio

Fórum Cultural de Alcochete - Alcochete

02 Junho

Jam Session com Mauro Ribeiro Trio

GrETUA - Aveiro

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