Brainstorming: “1.6” (Sintoma Records)
O pilar deste grupo, João Barradas, é um dos mais fascinantes músicos surgidos nas últimas fornadas do jazz (e não só, pois dedica-se igualmente a outros idiomas musicais) português, mas se o que ouvimos no debutante “1.6” dos Brainstorming tem garra e competência, também está reflectida no disco a pouca idade dos intervenientes – além do acordeonista, André Murraças no saxofone tenor, Gonçalo Neto da guitarra (o outro instrumentista que mais agrado traz, com o seu estilo cristalino a remeter-nos para um John Abercrombie ou um Bill Frisell), André Rosinha no contrabaixo e Marcelo Araújo na bateria. Este é um jazz escolástico, demasiado preso a um certo academismo e a uma postura de reprodução passiva dos modelos instalados, o que, se verificarmos bem, até é natural quando se tem pouco mais de 20 anos.
A música está demasiado presa às estruturas e estas são determinadas por um enfoque melódico e rítmico muito linear e sem particulares argumentos. Está aqui mais um exemplo de como compor e tocar/improvisar bem, num meio nacional e internacional em que existem milhares de outros músicos ao mesmo nível, não é suficiente. Há que sair da caixa e apostar na criatividade e na diferença, ou dizendo melhor, há que procurar uma efectiva personalização dos projectos. Sem essa ambição, resulta mais do mesmo. E não, não se trata de sair do “mainstream”, mas de refrescar este, de reavivá-lo. Barradas já está a fazê-lo em outros contextos, e com ele alguns dos participantes neste álbum. Fiquemos atentos…