Funky Bones Factory: “Funky Bones Factory” (JACC Records)
Há projectos musicais que, pelas suas características intrínsecas – a instrumentação utilizada e a própria música –, funcionam melhor ao vivo do que em disco, e o caso dos Funky Bones Factory é claramente um desses. Nesta formação dirigida por um dos músicos maiores do nosso país, o tubista Sérgio Carolino, a frente de sopros constituída pelo “lusofone” (um sousafone transformado) do líder, pelos trombones de Rúben da Luz, Paulo Perfeito e Daniel Dias e pelo trombone baixo de Rui Bandeira é algo que só pode ser usufruído na sua plenitude quando estamos diante deste autêntico muro de metal que o guitarrista Miguel Moreira e o baterista Acácio Salero mantêm em combustão.
Em CD a espectacularidade da fórmula é mais reduzida e acabam por transparecer outros factores. Este sobretudo: em se tratando de funk-jazz, surpreende que a música surja tão arrumada e certinha, chegando mesmo a um perfeccionismo próximo do da música clássica, área em que Carolino também se desloca. O funk de origem – oiçam-se os exemplos básicos de James Brown e Maceo Parker – é bem mais desorganizado, orgânico e excessivo. O que se ouve neste álbum de estreia é muitíssimo bem tocado, mas nada sai do lugar e não há desvario expressivo algum. O septeto é uma máquina demasiado bem oleada e calibrada para que os resultados pareçam autênticos, e isso é uma pena. Mas há que dar tempo ao tempo e ficarmos atentos às evoluções futuras da banda…