Günter “Baby” Sommer: “Dedications – Hörmusik IV” (Intakt)
Os discos de solos de bateria são sempre um objecto curioso e o jazz tem provado ser capaz de levar o instrumento para campos muito para além do rítmico. Já todos ouvimos a bateria a ser esticada, ampliada, levada por caminhos que pareciam impossíveis. Mas se há baterista capaz de se aventurar por estas travessias solitárias é “Baby” Sommer, pois tem um léxico aberto de quem acompanhou orquestras de jazz clássicas em 1965 e tocou com os maiores improvisadores ao longo de quase 50 anos. Tem a escola toda.
“Dedications” impõe-se pela sua beleza, pelas ideias que estão dentro dos nove temas, cada um homenageando um baterista fundamental para o jazz: começa com Baby Dodds (de quem Sommer adoptou o ”Baby”) e segue por Joe Jones, Pierre Favre, Art Blakey, Paul Lovens, Han Bennink, Ed Blackwell e Max Roach. Não se trata de um reviver ou repegar dos seus estilos pessoais, mas de um usar de pormenores de todos eles para os ampliar, fazendo do pontual, estrutural. As peças são lindíssimas, com várias percussões, voz e outros instrumentos a entrarem no jogo. O CD ouve-se quase como um jogo de melodias rítmicas que admitem todas as possibilidades. Uma grande edição, e não só para quem gosta de solos de bateria ou conheça os bateristas referidos.