Tania Giannouli / Paulo Chagas: “Forest Stories” (Rattle)
Vá-se lá saber porquê (ou sabe-se, mas a explicação não satisfaz), identificam-se as abordagens “vanguardistas” (com aspas, porque o que é isso realmente de “vanguarda” nos dias que correm?) do jazz e da improvisação com práticas musicais em que imperam uma extrema intensidade e um exibicionismo técnico e expressivo que roça a histeria. Ora, nesta parceria entre a pianista grega Tania Giannouli e o soprador português Paulo Chagas, que do seu costumeiro arsenal de instrumentos de palheta só deixou de lado o oboé, passa-se precisamente o oposto: a música é contemplativa.
Sem que tal signifique um alinhamento nas fileiras do reducionismo e do “near silence”, a dupla rege-se neste “Forest Stories” por duas premissas cruzadas: tocar o mínimo de notas possível e não contrariar demasiado o silêncio. Há algumas passagens mais energizadas, mas regra geral o passo é suave e, até, de uma leveza que chega a surpreender. Não propriamente mole ou destituído de força, antes focando-se em pequenos elementos: a construção de um subtilíssimo painel de cores ou o gradual estabelecimento de um esbatido, mas complexo, estado de espírito. Muito bom.