Made to Break: “Provoke” (Clean Feed)
Clean Feed
Por esta altura, o enorme vigor criativo de Ken Vandermark já não deverá surpreender ninguém. O saxofonista (e clarinetista) de Chicago apresenta agora um novo projecto que combina a improvisação de ascendência jazzística com a electricidade e a electrónica. Gravado em Lisboa, este é o segundo álbum que Vandermark gravou em Portugal – o primeiro foi o brilhante “4 Corners”.
Vandermark carrega aos ombros o peso de ser um dos mais vitais músicos do jazz contemporâneo, nome fundamental dos últimos 20 anos como instrumentista, compositor e improvisador. Neste grupo a improvisação é o eixo central, mas acrescenta-se uma boa dose de funk (género que tem presença regular no trabalho do palhetista, especialmente no grupo Spaceways Inc.).
Além destas matrizes principais, nas “liner notes” Vandermark assume que, nos últimos tempos, tem tido especial interesse pelo pós-punk (The Fall, Wire) e pela música da Etiópia, influências que, de forma mais indirecta, contribuíram para a música que se ouve neste “Provoke”.
Ao sopro de Vandermark juntam-se três instrumentistas numa formação inusitada: baixo eléctrico, bateria e electrónica. A escolha de um baixo não surgiu por acaso: David Hoff trabalha um “groove” contínuo, um som robusto que funciona como esteio do quarteto. Tim Daisy, parceiro habitual do líder desta banda, mantém a bateria acesa.
Christof Kurzmann é o “joker”, uma carta inesperada que acrescenta uma vertente mais próxima da típica electroacústica. Os “loops” de Kurzmann acrescentam toda uma nova dimensão às dinâmicas criadas pelos outros instrumentos, funcionando por vezes em choque, mas quase sempre lançando pistas que levam a música a avançar por novos caminhos.
É como que o agente provocador, confirmando que um pouco de provocação só faz bem.
-
Provoke (Clean Feed)
Made to Break
Ken Vandermark (saxofones tenor e barítono, clarinete); Christof Kurzmann (electrónica); David Hoff (baixo eléctrico); Tim Daisy (bateria)