Daniel Bernardes
Levantado do chão
Cada vez mais visível no panorama do jazz nacional, o pianista e compositor de Alcobaça acaba de lançar o seu disco de estreia, “Nascem da Terra”. A jazz.pt quis saber do seu rico e premiado percurso e dos caminhos que pretende seguir.
Do abundante manancial discográfico saído recentemente entre nós merece nota – por via de uma assumida e explorada portugalidade – o registo de estreia do pianista e compositor Daniel Bernardes (n. 1986, Alcobaça; foto acima de Patrícia de Melo Moreira). “Nascem da Terra”, assim se chama o disco, faz, desde logo no título, uma ligação às raízes, aos lugares, às paisagens.
A música que escutamos em “Nascem da Terra” convoca elementos do jazz, da música erudita e da rica e diversificada tradição musical portuguesa, equilibrados segundo um «processo subconsciente», como começa por afirmar Daniel. «Poder-se-á dizer que os meus temas de jazz têm muitas texturas clássicas e que as minhas peças clássicas têm um lado bastante jazzístico», acrescenta.
O álbum é constituído por uma seleção de peças que foi compondo ao longo do seu processo de formação, muitas vezes resultantes de um ímpeto. «Acho que a minha música prima pela simplicidade e penso que a melhor forma de tocá-la é entrar no estado de espírito meio efémero que tive ao escrevê-los», diz Bernardes. Entre o material, o músico distingue as peças em trio das peças a solo: «Os temas que toco com o trio são muito pouco pensados e esforço-me para manter de parte toda e qualquer teoria na composição dos mesmos», sublinha.
No entender do músico, “Os Prelúdios Possíveis” (no disco são três) resumem, de certa forma, o «exercício de escrita para este trio», que evolui através do trabalho desenvolvido com o contrabaixista António Quintino e o baterista Joel Silva. Este é um processo que não encontra paralelo no resto do seu trabalho enquanto compositor, quando se vê obrigado a tomar «decisões muito mais racionais». «Posso usar o piano ou não, mas nunca termino a peça na mesma sessão de trabalho», reforça.
Processo de esquecimento
Pianista e baterista conheceram-se na adolescência e Joel Silva foi mesmo o primeiro utilizador de baquetas com quem tocou. «Para além de ser um amigo de longa data, o Joel sempre foi um músico com uma sensibilidade excecional e é um grande conforto tocar com ele. Nunca se sobrepõe ao piano e sabe sempre para onde vou e como deve acompanhar-me», sustenta.
A relação com o contrabaixista é posterior, remontando aos tempos de licenciatura na Escola Superior de Música de Lisboa. «O Quintino foi uma escolha muito natural, pois queria ter um trio com um nível semelhante e sempre foi meu propósito que crescêssemos juntos. Nunca quis fazer um trio com músicos consagrados que viessem fazer um ensaio, depois o concerto e até à próxima.» Esta relação de amizade motiva que lhes conceda a mais completa margem de manobra, uma «liberdade total para criticar e dizer o que acham».
Daniel Bernardes revela o processo que antecedeu a gravação do disco e explica como a ausência de um trabalho continuado pode dar frutos criativos: «Estreámos a maioria dos temas na Casa da Música em 2010, e depois disso fizemos uns concertos pontuais, sem trabalharmos de forma continuada. Duas semanas antes da gravação voltámos a ensaiar um pouco, também por causa da adição do violoncelo [a violoncelista Raquel Merrelho é presença decisiva no disco], e então houve ideias novas, pois os temas estavam mais do que interiorizados e certos caminhos antigos tinham sido esquecidos», conta o músico.
Foram então encontrados novos rumos e a gravação decorreu num «clima de frescura» que – confessa – «não é fácil quando se tocam as mesmas composições há muito tempo». «Temos tendência a ir para zonas de segurança e a criatividade é tolhida por isso», admite.
Bernardes compara o seu próprio mecanismo criativo com o desenvolvimento de um motivo num solo de jazz: «Há um embrião musical, que me pode surgir em qualquer altura, e depois, a partir desse embrião, começo a estruturar a obra». Aí começa o ritual. «A criação em si é, regra geral, à noite, e durante o dia trato de questões secundárias, como a orquestração e pequenos detalhes», revela.
C'est vrai
Oriundo de uma família sem antecedentes musicais, Daniel Bernardes iniciou bastante cedo a sua relação com o mundo da música, mesmo antes de saber ler. «Tudo começou num dia de escola em que um professor foi à sala onde estava e se apresentou como professor de música, convidando-nos a ter aulas com ele», recorda.
Não sem algumas reticências, os seus pais deixaram-no, ao fim de algumas semanas, que começasse a aprender num “órgão”, o instrumento disponível. Tinha cinco anos. «Tocávamos num velho Visconti com dois teclados e a técnica era muito semelhante à do jazz – comecei por aprender cifra e a realizá-la com a mão esquerda, lendo apenas as melodias.»
O interesse pelo jazz surgiu por volta dos 12 anos, quando assistiu pela primeira vez a um concerto da formação Estardalhaço da Geringonça, constituída por músicos da sua terra natal. A experiência foi de tal modo marcante que até hoje não parou. Começou logo a vasculhar na internet para reunir a informação possível e a trocar discos e ficheiros MP3 com um primo, com quem começara a tentar tocar “standards”.
As suas principais referências no piano são os «suspeitos do costume»: Arturo B. Michelangeli, Sviatoslav Richter e Glenn Gould, pianistas que o convencem e o movem independentemente do compositor e da peça,«excepto o Beethoven do Glenn Gould», como faz questão de salientar.
No jazz, salienta as influências de Mário Laginha e Bernardo Sassetti: «Pude ouvi-los várias vezes antes de ir para fora, e foram duas figuras centrais para mim quando comecei.» Simultaneamente, depois de já ter frequentado alguns “workshops” de jazz, começou a percorrer os pianistas importantes da história do género.
Deram-se então os primeiros contactos com a música contemporânea. «Tinha passado os últimos tempos a tocar com o Crazy Jazz Quartet e ao mesmo tempo a estudar o programa típico de um 6º grau de conservatório e, de repente, veio aquela música que nada tinha a ver com tudo o que já ouvira.» Aquela música eram obras de Ligeti, Boulez, Nono, Berio, Xenakis, Cage, mas sobretudo Stockhausen. «Era mesmo o meu preferido, sobretudo "Kontakte", que anos mais tarde ouvi ao vivo em Kürten, quando assisti aos cursos de verão do próprio.»
Com apenas 16 anos, Daniel tocou no Festival de Jazz de Valado dos Frades integrando a Hybrid Jazz Machine, projeto do saxofonista Mário Marques, num momento que considera ter sido como «sonhar acordado».Parte dos músicos com quem tocou nesse concerto integravam o Estardalhaço da Geringonça, o tal grupo que o havia enfeitiçado antes. «Partilhar o palco com eles foi como ser promovido ao plantel principal», recorda, bem-humorado.
Em 2003 participou pela primeira vez nos Seminários de Composição da Fundação Calouste Gulbenkian, onde teve oportunidade de trabalhar com Emmanuel Nunes. «Tinha conhecido a música de Nunes através do meu professor de composição, Pedro Figueiredo, e andava completamente louco com “Nachtmusik”! A primeira vez que assisti aos Seminários não trouxe nenhuma peça, fui só à descoberta.»O facto de o compositor dizer que todas as peças que fossem trazidas seriam lidas em ensaio pela orquestra encorajou-o para a composição.
Não esquece o impacto que lhe causou a audição de “La Mer”, de Claude Debussy, na Gulbenkian. «No dia seguinte assistimos a um ensaio com trio de cordas e lembro-me de Nunes ter mandado parar o trio dizendo que estavam a tocar 3 ou 4 bpm abaixo do tempo, e que um deles prontamente ligou o metrónomo e disse “c'est vrai”! Voltei na sessão seguinte com uma partitura, mas guardo para mim as críticas dele», sorri.
No ano seguinte estreou-se na Festa do Jazz do São Luiz, num combo orientado por Carlos Barretto, experiência que guarda na memória. «Para nós, músicos de fora de Lisboa, o contacto com os músicos de jazz era feito de forma muito pontual e doseada. Vir a Lisboa passar um fim de semana para ouvir concertos, assistir a “masterclasses” e ainda poder participar nas “jam sessions” era do outro mundo», conta.
Lembra um episódio passado numa dessas “jams”: «Nunca mais me esqueço de estar na “jam” com Joel Silva e de, como qualquer estreante, hesitar em subir ao palco. Lá decidimos participar, quando Perico Sambeat e Jesús Santandreu interpretavam o tema “All The Things You Are”. Tocaram o tema maravilhosamente e deixaram-nos ocupados com os solos e a reexposição», lembra.
Mudar as regras do jogo
A profunda admiração pelo compositor vanguardista alemão impulsionou Daniel Bernardes, em 2004, para participar em Kürten (Alemanha) nos Stockhausen-Kurse für Musik. «Sou absolutamente louco pela música de Stockhausen, sobretudo a que escreveu até “Licht”. O que mais aprecio nele, para além do prazer de ouvir a sua música, é a maneira como se reinventa a cada nova peça e muda as regras do jogo», salienta.
Na ocasião, teve oportunidade de assistir a uma tarde de ensaios de “Kontakte”, assim como de “Gesang der Jünglinge”, com mistura de som do próprio Stockhausen. «Tomar contacto com aquele mundo que conhecia apenas pelos discos e escritos que ia encontrando, aqui e ali, foi o realizar de uma fantasia de adolescente. Nunca tinha sequer escutado uma peça de Stockhausen ao vivo», comenta.
Ainda em 2004 mudou-se para Paris – «cidade obrigatória para um jovem pianista» – a fim de estudar na École Normal de Musique e frequentar várias “masterclasses”. Foi outra experiência marcante: «Estudar piano lá é uma experiência arrebatadora, pois a proximidade com as principais referências do instrumento, tanto a nível de compositores como de intérpretes, é algo que se faz sentir a todo o momento. Quase se pode dizer que Paris está para o piano como Nova Iorque está para o jazz.»
Três anos depois regressou a Portugal, para se dedicar ao jazz. Ingressou na Escola do Hot Clube de Portugal, onde estudou com Filipe Melo. «Até então, em termos de jazz, eu era essencialmente um autodidata, tendo feito uns “workshops” de forma pontual, e sentia falta de um acompanhamento mais regular e de estruturar um método de trabalho para a improvisação», conta. A passagem pelo Hot deixou marcas, especialmente ao nível do «contacto com a forma de pensar e de comunicar dos músicos de jazz».
O Hot foi igualmente importante para conhecer músicos. «Sendo o jazz uma música que poucas vezes se faz a solo, foi muito importante conhecer muitos dos meus amigos e companheiros de hoje e integrar-me no meio musical de Lisboa, que me era praticamente desconhecido», realça.
Em 2008, Bernardes foi admitido na Licenciatura em Jazz da Escola Superior de Música de Lisboa (ESML), onde estudou com outro importante pianista nacional, João Paulo Esteves da Silva. Viria a licenciar-se em 2011. «Os meus anos na ESML foram muito especiais. Tive a sorte de entrar no ano em que o curso abriu e tive como colegas de curso músicos como Claus Nymark ou Jorge Reis, que apenas conhecia das capas dos discos e dos concertos da Big Band do Hot.»
Considera que as aulas com João Paulo foram «muito especiais», uma vez que contribuíram para a «desmistificação de certas ideias que tinha em relação à aprendizagem do jazz», refere. «Julgava que ia encontrar uma estrutura de aprendizagem rígida e um conjunto de fases para ultrapassar até ser um músico de jazz, o que não se verificou.»
Janela para o passado
Com o projeto multimédia Rondó da Carpideira, Daniel tem trabalhado a partir das recolhas efetuadas pelo País fora por Michel Giacometti, etnomusicólogo corso que repousa no cemitério alentejano de Peroguarda. «Para um músico, os cantares captados por Giacometti são tesouros que nos ajudam a perceber de onde vimos e porque tocamos como tocamos», diz.
Tudo, mais uma vez, por influência de João Paulo, sobretudo através de discos como “Almas”, “Esquina” ou “O Exílio”, que tiveram em si grande influência. Comparando com Mário Laginha e Bernardo Sassetti, Bernardes considera João Paulo «o mais “português” dos três». «Por alguma razão a sua linguagem, sobretudo nesses discos, é mais portuguesa», defende.
Acompanham Daniel Bernardes, no Rondó da Carpideira, Mário Marques, no saxofone, e Gonçalo Tarquínio, que mistura as imagens de Giacometti em tempo real. «O Giacometti dá-nos, felizmente, essa janela para um tempo que já não existe, ou que existe em lugares que pararam no tempo e que já não durarão muito mais, e enquanto músico português acho que é absolutamente impossível ficar indiferente aos registos. É algo que mexe connosco», completa.
Para além de escavar as raízes profundas da música portuguesa, também lhe interessa a história do jazz. «Tendo estudado a história do jazz e não sendo americano, nem estando apenas interessado em tocar jazz “mainstream”, pareceu-me que nada seria mais natural do que procurar e conhecer um pouco melhor a música tradicional que se faz aqui.»
Em 2012, foi convidado por Sérgio Carolino (seu conterrâneo de Alcobaça) para escrever peças por ocasião da sua residência artística no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha. «Ele ouviu a minha “Suite para Orquestra de Sopros”, que escrevi durante a licenciatura na ESML a convite do maestro Alberto Roque, e desafiou-me a escrever um concertino para piano, tuba e ensemble de trombones.»
O tubista e compositor referiu a vontade de fazer um concerto com peças ligadas a mitologias várias e exortou Bernardes a escrever o que viria a ser a sua obra “Leviathan”. «Foi a primeira peça em que misturei partes de improvisação com partes escritas, algo que se vai alastrando na minha prática», revela.
Mais tarde escreveu “Xel'Naga Towers”, peça baseada em “Starcraft”, um dos seus jogos favoritos. «Baseei-me em imagens do jogo para os vários andamentos, com a particularidade de a composição ter dois pianos.» Mais recentemente, estreou “Imagens da Minha Terra”, obra dedicada à cidade e aos habitantes de Alcobaça, «recebida de forma incrível pelo público», como refere, orgulhoso.
Daniel Bernardes já foi premiado em diversas ocasiões: segundo prémio no Concurso Nacional de Piano de Marrocos (2005), melhor solista na Festa do Jazz do São Luiz (2010), segundo lugar no Prémio Jovens Músicos promovido pela Antena 2 (2011). Ganhar um prémio – diz – desperta sensações ambivalentes: «Um prémio tem tanto de positivo como de perigoso. Um músico digno desse nome sabe que não é um músico feito, que é um eterno estudante à procura de nova informação e de aperfeiçoar a sua arte. Há momentos em que olhamos para trás e vemos o caminho percorrido e isso dá-nos uma sensação de dever cumprido extremamente agradável. Um prémio é a materialização disso mesmo.»
Caveiras dentro de caveiras
Instado a definir-se enquanto compositor, Daniel Bernardes começa por distinguir o que entende serem dois planos diferentes: a escrita de música e a composição propriamente dita. «Escrever música é tocar ou imaginar uns sons e escrevê-los num papel com o mínimo ou total ausência de raciocínio.» Por seu turno, «compor implica um vasto número de considerações consoante a instrumentação, a forma, a orquestração, a estética…»
Bernardes encara a improvisação como uma espécie de elo entre a ideia musical e a sua realização num instrumento, componente essencial no ato da composição. «A improvisação permite, ou pelo menos ajuda, a traduzir o ímpeto num gesto musical sobre o qual posso começar a trabalhar», afirma. Quando compõe deixa espaço nas suas peças para a improvisação, num processo de equilíbrio que o atrai: «Fascina-me a problemática de, enquanto compositor, criar condições para a improvisação ter sentido e de, como intérprete, dar sentido à improvisação no quadro de uma obra.»
Diz-se influenciado por outras formas de arte, nomeadamente a pintura, tendo inclusive escrito peças inspiradas na obra de grandes pintores, como a sua suite “Dalí”, para “big band”, em que os dois andamentos foram baseados em quadros: «O primeiro, “Rosto da Guerra”, descreve uma espécie de “feedback” visual com caveiras dentro de caveiras, cada vez mais pequenas. O andamento seguinte, “La Pesca del Atun”, é um quadro com elementos muito díspares para descrever uma pescaria, que procurei ilustrar musicalmente com elementos unidos pelo ritmo em que a noção de harmonia fora completamente abandonada da mesma maneira que Salvador Dalí tinha aplicado técnicas de pintura diferentes a elementos diferentes na composição do quadro.»
Daniel diz concordar «plenamente» com as posições que têm vindo a ser assumidas, por exemplo, por António Pinho Vargas, quando refere que em Portugal as peças são estreadas e, ato contínuo, são votadas ao esquecimento, raramente voltando a ser interpretadas. Considera que o mercado musical português «está dominado por música de caráter duvidoso» e que «continuamos a manter na ignorância artística o grosso da população». Situação que considera ter vindo a mudar graças à internet e a outros meios de acesso à informação.
Apelida a atual situação do jazz em Portugal como «agridoce».«O jazz está vivo em Portugal e a cada ano há músicos novos a aparecer com projetos inovadores. Há formações cada vez mais arrojadas, como os recentes decatetos de Nelson Cascais e Bruno Santos. E há mais discos», opina.
Para além de continuar a liderar o seu trio e o Rondó da Carpideira, Daniel Bernardes também integra o projeto L. A. New Mainstream, do trombonista alemão – há muito radicado entre nós – Lars Arens, e é segundo pianista na Big Band do Hot Clube.
Já em 2013 participou nos “workshops” de composição orientados por Marc-André Dalbavie, no âmbito dos quais compôs “…Música para um Poema de Mário Cesariny” (para orquestra de cordas) e recebeu mais uma encomenda, desta feita do Festival Cistermúsica, para escrever uma obra para clarinete, saxofone, trombone, tuba e dois pianos.
Neste momento encontra-se a compor um concertino para piano e orquestra de sopros, encomendado pela Filarmónica União Taveirense a propósito dos dez anos como titular do maestro João Paulo Fernandes, que irá estrear e gravar como solista em 2014. O músico tem outras três encomendas para terminar até ao final do ano, mas que ainda não revela. E mais: «Sérgio Carolino já me desafiou para uma nova aventura que ainda estamos a lapidar.»
No plano dos sonhos não esconde que gostaria de tocar a dois pianos com Marc Copland e uma orquestra, de ouvir o trio de Gilad Hekselman a interpretar uma peça sua com orquestra e de gravar um disco de música totalmente improvisada, em duo com Carlos Bica. Fiquemos bem atentos aos passos de Daniel Bernardes nos próximos tempos, porque o sonho pode bem tornar-se realidade.
Para saber mais
http://www.danielbernardes.com
http://danybernardes.wix.com/daniel-bernardes
Discografia
Daniel Bernardes: “Nascem da Terra” (TOAP/OJM, 2013)
L. A. New Mainstream: “L. A. New Mainstream” (Sintoma Records, 2013)