Transcender a partitura
O Lisbon Underground Music Ensemble (L.U.M.E.) acabou de editar “Las Californias”, o seu terceiro álbum e segundo com selo Clean Feed. A formação, de contornos particulares, agrega dezena e meia de instrumentistas provenientes das áreas do jazz e da música erudita e parte das premissas do modelo clássico da “big band” para logo dele se afastar e interpelar criativamente.
Para o caleidoscópio sonoro muito especial proposto pela formação liderada pelo compositor e pianista Marco Barroso (n. 1977) são convocados elementos do jazz de várias eras, do rock, do funk e da música erudita, admitindo não raras incursões por domínios mais experimentais. Composições rigorosas cruzam-se com intensas improvisações, melodias cativantes e contrapontos que deixam os sentidos em estado de alerta. A música da formação continua a espelhar uma contemporaneidade luminosa que desafia de peito aberto o obscurantismo egoísta e puritano que alguns, cada vez mais, não se cansam de propalar.
O termo “california” parece radicar numa série de romances de cavalaria do século XVI, iniciada com “Amadis de Gaula”, e na alusão feita a uma suposta ilha assim chamada, habitada apenas por mulheres. O título do disco poderá será assim metáfora para um “mundo novo” e seus exploradores iniciais. Nas notas de apresentação, a música de “Las Californias” é descrita como algo que «conflui para uma paisagem irreal, de memórias e sonhos perdidos que pairam sobre os escombros de uma realidade imaginada.»
O L.U.M.E. pegou em julho de 2006 num concerto no Maxime, em Lisboa, e quatro anos depois surgiu o álbum de estreia homónimo pela coimbrã JACC Records, braço editorial do Jazz ao Centro Clube, também proprietário da jazz.pt (uma segunda edição veria a luz do dia em 2013, com chancela da holandesa Challenge). Seguiu-se, em 2016, “Xabregas 10”, já na Clean Feed, um dos discos mais marcantes da última vintena de anos de uma formação com esta configuração.
Marco Barroso toca piano desde os oito anos de idade, tendo tido aulas particulares e frequentado a Academia de Amadores de Música, a Escola de Jazz do Hot Clube de Portugal, a Escola Superior de Música de Lisboa e a Artez University of the Arts, onde concluiu o Mestrado em Composição. Em 2008, venceu o Prémio Jovem Autor, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores. Ao longo dos anos tem colaborado com diferentes agrupamentos, como a Orquestra Jazz de Matosinhos, Orquestra Nacional do Porto, Artemsax, Lxsax e Projecto XXI e atuado em diversas salas e festivais, em Portugal e no estrangeiro. O L.U.M.E. tem sido o pilar central da sua atividade, mas não descarta outras possibilidades.
A jazz.pt conversou com ele para fazer um balanço da atividade da formação e perspetivar o que se vislumbra no horizonte...
Acaba de sair o muito aguardado terceiro tomo discográfico do L.U.M.E., “Las Californias”. Como o definirias na sequência dos discos anteriores?
É, de certa forma, um disco que contrasta com o anterior e onde são percorridos alguns caminhos diferentes. Por exemplo, onde o “Xabregas 10” explorava formas extensas, texturas mais pesadas e uma primazia ao aspeto rítmico e textural, no “Las Californias” há uma maior concisão formal, espaço para texturas mais leves e camerísticas e alguma proeminência e profusão de aspetos melódicos e contrapontísticos. No contexto dos três registos discográficos do L.U.M.E., este disco acaba por representar quer uma reconfiguração de diferentes sentidos e possibilidades com que venho trabalhando no L.U.M.E., quer uma procura de novos caminhos e direções reforçados, penso eu, por uma maior consistência de escrita, linguagem e “métier” do grupo.
Dentro do caldeirão sonoro que propões estão ingredientes que já conhecemos do som da formação, que vão das imprevisibilidades do jazz à energia do rock, passando pelo “groove” do funk e pelo rigor das músicas eruditas. É esse o som distintivo da formação, que resulta desse cruzar de referências...
Sim, acho que é uma boa definição, mas também poderiam ser várias permutações dos mesmos adjetivos dentro das linguagens referidas como, por exemplo, o “groove” da música erudita, a imprevisibilidade do rock, a energia do funk ou o rigor do jazz. Talvez a identidade ou um dos aspetos da identidade do L.U.M.E. esteja na contradição de expectativas que estão associadas a determinados estilos ou linguagens que aqui acabam por ser reformulados e recontextualizadas de diferentes maneiras. De resto, esse som distintivo existe algures no campo subjetivo de interação entre as minhas ideias e a forma como estes intérpretes e improvisadores as materializam. É algo inefável que transcende a partitura, a parte conceptual e que vive das dinâmicas interpessoais e de grupo.
Apesar de essa matriz ser prosseguida, há aqui um natural refrescar de ideias que elevam a música da formação a um outro patamar. Os ingredientes de base serão os mesmos, o preparado é que é diferente...
Alguns ingredientes são os mesmos, outros não e também não há propriamente uma homogeneidade de princípios. Cada peça tem a sua insularidade e, desse ponto de vista, representa uma situação particular e uma outra abordagem. Para além disso, tento aprofundar as potencialidades de um grupo que tem mantido sempre o mesmo perfil e contexto instrumental, procurando outras respostas para as mesmas questões, mas também novas questões mesmo não sabendo exatamente as respostas. É um caminho que pode levar a possíveis contradições, mas também abrir novas perspetivas e que me parece importante para que um projeto com uma certa longevidade não caia simplesmente na repetição e possa, de alguma forma, evoluir.
Queres explicar de onde vêm o nome e o conceito central do álbum?
Não existe um conceito central em termos de um fio programático que une todas as peças, embora haja uma narrativa na forma como as procurei ordenar e enquadrar no contexto da produção do disco – na realidade, nenhum dos discos do L.U.M.E. é propriamente conceptual, neste sentido. Isto tem, de alguma forma, a ver com aspetos práticos do próprio projeto, em que as peças vão sendo feitas e tocadas à medida do possível, o que acaba por implicar um arco temporal alargado e circunstâncias muitas vezes diversas em termos das minhas preocupações estéticas de peça para peça. Por outro lado, nunca estive muito interessado em abordar um projeto discográfico do L.U.M.E. a partir de uma referência comum em que sujeitasse, de forma consciente e apriorística, tudo aquilo que vai ser composto. Um disco acaba por ser, assim, um campo de encontro entre objetos relativamente estranhos que, na sua convivência, abrem espaço à subjetividade e à surpresa e que, tendo partido de pontos diferentes, encontram aqui o chão das suas raízes comuns. Neste sentido, o título do disco, “Las Californias”, é só o nome de uma das peças, mas que pelo seu simbolismo se torna paradigmático de um certo caráter fantasioso e escapista que percorre a generalidade das peças/composições. O facto de o disco ter sido feito na altura da pandemia, num ambiente quase distópico, também reforçou a minha vontade de que este fosse uma manifestação em sentido completamente oposto àquilo que estávamos a viver.
O coração do álbum talvez seja a suíte “AM Phantasies”, dividida em seis partes, que evoca o imaginário da onda média/amplitude modulada, e um certo mundo musical “vintage” em claro contraste com as plataformas digitais do nosso tempo...
A evocação desse imaginário tem, antes de mais, o sentido de uma recontextualização atual e, por isso, não meramente “vintage”. A referência a onda média/AM surge, de maneira muito livre, como forma de conotação estética com música da era da rádio e não em contraste com os meios digitais da nossa época. Há, na realidade, um certo comentário à forma como a cultura digital impregna as nossos pensamentos e ações, enquanto meio pelo qual acedemos, processamos e manipulamos vastas quantidades de informação e como palco de novas formas de interação e estabelecimento de comunidades virtuais e interativas. Este enquadramento não é alheio a “AM Phantasies”. A forma como o material é trabalhado e a semântica da própria peça são mais próximos a algo do tipo “vaporwave”, por exemplo, do que de uma rememoração estilizada de swing ou ragtime.
Perpassa muita desta música uma atmosfera bem-humorada e descontraída, mas que radica em algo muito mais complexo...
Não acho que uma coisa tenha necessariamente a ver com a outra, mas há um certo espírito de tratar aquilo que possa ter uma aparência descontraída e bem-humorada de uma forma séria e vice-versa.
A música vai do estruturado ao caos, e no caminho inverso, num piscar de olhos... Essas súbitas mudanças de direção são também uma das características centrais do vosso som...
É possível, mas não há nenhuma preocupação nesse sentido. Apenas tento trabalhar as minhas ideias da melhor maneira que consigo, o que pode envolver tanto formas mais fragmentadas como situações mais orgânicas. Essa tipo de fragmentação formal é até muito mais evidente e radical no trabalho que faço de manipulação de áudio/“sampling” mas, “lato sensu”, sim, há um certo recurso a procedimentos de colagem.
Queres falar-nos um pouco do teu método quotidiano de trabalho enquanto músico e estratego sonoro? És frugal no instante da criação artística ou tens as gavetas cheias?
Não tenho propriamente um método. O mais importante é sentir-me inspirado e emocionalmente alinhado com um estado de espírito que me permita canalizar as minhas energias construtivamente e estar recetivo às pequenas coisas que podem gerar algo de interessante. De resto, as situações e as circunstâncias de criação podem ser muito diferentes e implicar um maior planeamento, investigação e formulação, como maior liberdade e sentido improvisacional. As melhores ideias, muitas vezes, não vêm de grandes expectativas ou cartas de intenções e, mais importante do que isso, elas servem para que qualquer coisa aconteça e outros espíritos se juntem para gerar algo mais significante. Se isso acontecer já me sinto muito feliz.
Como está a ser a receção do álbum, mesmo em termos internacionais?
Está a ser muito boa! Tem havido boas críticas dos concertos que temos feito, tanto em Portugal como fora. Tem sido um grande sucesso!
Possibilidades em aberto
O L.U.M.E. foi, de alguma forma, percursor em Portugal na agregação, num mesmo “ensemble”, de músicos de diferentes áreas, do jazz à música erudita. O que pensas sobre a realidade que vivemos de surgimento de vários projetos nos quais se opera um cruzamento entre diferentes áreas do jazz e da música improvisada, e destes com outras músicas?
Acho que é sinal de uma realidade que se vai tornando mais complexa e menos complexada e vejo como natural a proliferação desse tipo de experiências. É difícil avaliar a consequência e relevância de tudo isso que vai acontecendo mas, em termos gerais, vejo de forma muito positiva. Penso que é o fruto da mentalidade das novas gerações que procuram uma relação mais livre com o mundo e com aquilo que os rodeia e também sinal de que esse mundo se tornou mais complexo e múltiplo. É por isso importante que se continue a lutar pelas condições que permitam que essa liberdade se possa aprofundar. Há muitos desafios e nuvens no horizonte e só espero que as novas gerações, que são mais qualificadas, mas também mais precarizadas, consigam dar conta do futuro e não vejam castradas as possibilidades de crescerem à imagem dos seus sonhos e do seu talento.
A banda foi fundada em 2006 e quatro anos depois publica o álbum homónimo de estreia na JACC Records. Não terá sido fácil colocar de pé uma formação com 15 instrumentistas de vários campos musicais e com agendas certamente preenchidas. Salvo pequenos ajustes, o grupo tem conhecido uma estabilidade em termos instrumentais e de pessoal ao longo de toda a sua existência. Será este um dos seus principais trunfos?
A banda tem tido, a esse nível, uma estabilidade relativa. Ao longo do tempo alguns membros têm mudado, mas acho que isso é uma circunstância natural para um grupo com esta dimensão e com uma certa longevidade. Em todo o caso, as condições para um bom trabalho não têm só a ver com isso, mas também com a entrega e dedicação que, em cada momento, é exigido a todos para que os resultados sejam os melhores possíveis. Eu tenho tido o privilégio de, ao longo destes anos, poder contar com a disponibilidade e o empenho de grandes músicos. Sinto-me privilegiado e estou muito agradecido por isso. Quanto ao efetivo instrumental, este modelo tem servido os meus interesses na obtenção de possibilidades formais condizentes com aquilo que sempre quis exprimir musicalmente e de, certa forma, também criou uma identidade que quem segue o grupo reconhece e não vislumbro no horizonte próximo nenhuma mudança a esse nível.
Numa formação com estas características, como geres essa aliança – sempre instável – entre composição e improvisação?
Sendo uma problemática já muito debatida e amplamente explorada em diversos contextos – basta ter alguma noção do que fizeram, por exemplo, músicos tão diferentes como John Zorn, Stockhausen ou Butch Morris –, procuro geri-la da forma mais pragmática e consequente possível, evitando usar recursos gratuitamente que não sejam consequentes com as implicações do enredo formal das peças ou a conjuntura estrutural do concerto. Deste modo, tento integrar as potencialidades dos músicos – todos, de uma maneira ou outra, leem e improvisam –, procurando esbater a dicotomia dessa relação e alguns convencionalismos que lhe estão associados. Acho que a improvisação pode ser tão racional e criteriosa quanto a composição livre e espontânea.
A tua atividade tem-se centrado quase exclusivamente no L.U.M.E. Não espraias o teu trabalho por várias formações, como outros. Porquê esta opção?
A minha prática está mais ligada à composição e, nesse sentido, o trabalho que tenho feito para além do L.U.M.E. tem acontecido em circunstância de encomenda, mas não descarto essa possibilidade se, de algum modo, fizer sentido.
Ver-te-ias a trabalhar com formações mais reduzidas, um trio de piano, por exemplo?
Vejo-me, sim, não necessariamente um trio de piano mas, neste momento, não tenho grandes planos nesse sentido. Em todo o caso, é uma possibilidade em aberto.
Diriges a formação a partir do piano. Consideras-te, sobretudo, um compositor que toca piano ou um pianista que compõe e gere o todo sonoro?
Mais um compositor que toca piano.
Que margem para intervenção concedes aos músicos que contigo trabalham? Chegas com tudo fechado ou acomodas ideias alheias no processo criativo de construção das peças?
Estando a composição e a direção a meu cargo, a expetativa natural em relação ao meu trabalho é que apresente as composições com um plano e uma visão concreta da interpretação. Por outro lado, todos têm toda a liberdade para fazer sugestões e comentários. Isso faz parte da orgânica natural dos ensaios e é muito importante, até para que cada um construa uma visão pessoal da parte que está a tocar e interpretar.
Buscas referências no orquestralismo “clássico” do jazz (Henderson, Ellington, Basie) ou mesmo nas “big bands” do bebop? Em que medida a “tradição” do jazz conta no teu processo criativo?
Sim, de certa maneira. Os recursos formais que uso para compor estão mais próximos da música erudita, mas a dinâmica e o espírito da forma como componho têm muito a ver com uma oralidade que é mais próxima do jazz ou do rock, na qual a autoridade da experiência subjetiva da audição impõe-se sempre e, na maior parte das vezes, antecede a especulação mais formulaica. Para além disto, a matéria-prima da minha música vem, em certa medida, das músicas populares, onde situaria também o jazz, especialmente de linhagem pré-bebop. As referências a aspetos de swing, New Orleans, blues, boogie ou ragtime são evidentes e têm tido uma certa presença na minha música. Também o lado popular e pulsante da música afro-americana que se estende a todo universo r&b, ressoa de alguma forma naquilo que faço. Mas, sintetizando, há uma identificação com um certo tipo de expressão, de energia, de som comunal, que encontro tanto num Duke Ellington ou Count Basie como num Thad Jones, Mingus ou Don Ellis, bem como um tipo de valores inerentes à improvisação que afirmam o fenómeno musical como dialética constante e nunca um conseguimento fechado. Não é que estes não existam noutras músicas – e a improvisação não é exclusiva do jazz –, mas o contexto funcional em que operam é fundamentalmente contíguo a esta tradição, até porque trabalho com vários músicos de jazz.
Voltemos atrás no tempo. Havia música na tua infância? Porquê o piano?
Havia. Os meus pais não são músicos, mas gostavam de música e sempre se ouviu muita música em minha casa. Havia uma discografia variada e o meu irmão e os meus primos mais velhos também me davam a conhecer música. Tenho memórias muito antigas de ouvir coisas diversas como Pink Floyd, Nat King Cole, José Mário Branco, Zeca Afonso, Joy Division, New Order, “greatest hits” de música clássica ou o country de John Denver e Kenny Rogers. Quando tinha oito anos os meus pais resolveram pôr-me a aprender piano clássico e durante alguns anos tive aulas particulares. Nesta fase aprendi a ler música e desenvolvi alguma técnica de piano, mas desliguei-me da aprendizagem algures na adolescência, quando estava mais interessado em ouvir rock e andar de skate. Mais tarde fui para a Academia de Amadores de Música, já com 18 anos, onde a minha vida mudou. Era só para ser um “hobby”, mas percebi cedo que podia ser músico.
A descoberta do jazz foi um processo gradual ou uma espécie de epifania? Quais foram as tuas referências iniciais?
Foi um interesse gradual a par de outros. Em casa dos meus pais havia uma coletânea de George Benson que eu gostava ouvir. Acho que foi o primeiro contacto substancial com algo jazzístico, para além de um disco de Bill Evans com Claus Ogerman a dirigir uma orquestra sinfónica, que havia lá em casa, mas a que eu, na altura, não ligava muito. Também descobri, a certa altura, um disco de blues de Stevie Ray Vaughan – “The Sky is Crying”, que achava fantástico. Mais tarde, através de um tio meu, que trabalhou muitos anos na base das Lajes e veio viver para Lisboa quando se reformou, comecei a ouvir mais coisas. O meu tio tinha milhares de discos, uma grande quantidade eram de jazz e, porque eu tocava piano, deu-me a ouvir algumas coisas de pianistas como McCoy Tyner, Herbie Hancock, Chick Corea, Benny Green, Marcus Roberts e também “big bands” clássicas. Foi por aqui que comecei a ter mais contacto com o jazz.
Estas contaminações estéticas, esse ecletismo, esse entrecruzar de coordenadas, sempre fizeram parte da tua abordagem à composição?
Sim, pelo menos desde que encaro a composição com alguma seriedade. Seja como for, acho que o mais natural, nos dias que correm, é ser-se contaminado das mais diferentes maneiras e feitios, até por vírus de morcegos, “fake news” e políticos manhosos. Mas até aí pode haver algo de encantador, como dizia Frank Zappa: sou mais influenciado por coisas que detesto do que por coisas de que gosto.
O que andas a ouvir por estes dias?
Talvez porque até há pouco tempo estive muito focado na minha própria música com o disco e os concertos, estou agora, por contraste, numa fase bastante indefinida do que ando a ouvir, em modo aleatório, sem grandes razões ou expectativas. Estou a tentar ouvir pelos outros e libertar-me um pouco de mim próprio. Ando, por exemplo, a ouvir coisas que a minha filha adolescente me mostra. Ainda não é muito permeável ao jazz, mas já começou a dar os primeiros passos, inadvertidamente, com a banda sonora de um “anime” que anda a ver, o “Cowboy Bebop”.
Como aproveitaste o recolhimento motivado pela pandemia de COVID-19? Foi para ti, em termos criativos, um período prolífico?
A pandemia coincidiu com a produção e gravação do disco. Sendo o L.U.M.E. um projeto que em qualquer circunstância apresenta sempre muitos desafios e dificuldades, as coisas acabaram por correr bem. De resto, por razões que todos conhecemos, e tocaram a todos, a pandemia não foi um período feliz.
Para onde caminharão agora o Marco Barroso e o L.U.M.E.?
Para já, é continuar a trabalhar e tocar com o L.U.M.E. Há boas perspetivas nesse sentido e estou feliz que o projeto continue a crescer musicalmente e que já tenha conseguido alcançar algum reconhecimento internacional. Para além do L.U.M.E., há outras coisas que queria fazer, mais ainda é cedo e indefinido para falar nisso...