A diversidade é bonita
O quarteto KUU é alemão, mas a sua cantora, Jelena Kuljic, nasceu na Sérvia. Fixou residência em Berlim e está totalmente entrosada na cena local. Com os seus companheiros de grupo, Frank Mobus, Kalle Kalima e Christian Lillinger, pratica um jazz com pontes para o punk e a electrónica de dança, tendo como referências principais duas Ninas: Simone e Hagen. Mobus é membro dos Azul de Carlos Bica e Lillinger pertence ao Luís Lopes Lisbon-Berlin Trio, sendo já conhecidos do público português. Talvez Jelena também ganhe fãs no nosso país – vamos ouvir a voz da também actriz no último concerto do Jazz im Goethe Garten, em Lisboa, a 16 de Julho…
Porque decidiu viver em Berlim?
Foi mais uma coincidência do que uma decisão. E tem mais a ver com o facto de não querer ser uma música de jazz num local onde não existe nenhum interesse por esta música, do que por ser sérvia. Ao fim de muitos anos a trabalhar como música profissional na ex-Jugoslávia quis desenvolver-me mais e para conseguir lá chegar o único caminho era mesmo estudar. Ainda pensei em ir para a Holanda e partilhei nessa altura os meus planos com um amigo que vivia em Berlim. E ele convenceu-me a vir para Berlim. Nunca me arrependi. E em relação a ficar para sempre, logo se verá…
É actriz e cantora, estas duas actividades relacionam-se de forma íntima?
Sim, muito. Para ambas precisamos de um palco e de alguém que o partilhe connosco. Para ambas o caminho psicológico até chegar a esse palco é muito parecido. O mais importante para mim é manter-me sempre verdadeira independentemente do que faço, porque acredito que esta é a única forma que existe para acontecer uma partilha real com as pessoas. O amor, o ódio, a raiva, o medo são sentimentos que, com mais suavidade ou agressividade, eu quero partilhar.
Surgiu recentemente ao lado do novo grupo de Frank Gratkowski, Z-Country Paradise. Está a tentar diversificar as suas direcções musicais?
Espero que isso nunca deixe de acontecer. A diversidade é tão bonita e ajuda-nos tanto a evoluir…
Que música prefere, tendo em conta que KUU é uma mescla de vários géneros, combinando o jazz com rock, electrónica e outros géneros?
Qualquer, desde que seja honesta e que exista porque tinha mesmo de existir. Criada por alguém que tem realmente alguma coisa para nos dizer ou mostrar, deitando cá para fora aquela história.
Como funciona a organização estética do grupo?
Temos estéticas muito semelhantes. E quando funciona é muito intenso. O que não admira, pois o grupo é composto por músicos muito especiais e criativos. Cada um de nós traz ideias e depois experimentamo-las até estarmos todos satisfeitos com o som que criamos.
Têm apenas um álbum editado, “Sex Gegen Essen”, saído em 2014. Vamos ter proximamente novo disco?
Gravámos recentemente dois novos temas. Estamos à espera de novas datas para irmos a estúdio para mais uma sessão, já que temos material suficiente preparado para o nosso próximo álbum. Só precisamos é de tempo e dinheiro. É sempre assim...
É a primeira vez que actua em Portugal. Este país tem algum significado especial para si?
Ah, eu sempre quis vir a Portugal. Estava no “top” da lista de sítios onde queria mesmo ir. O vosso clima é fabuloso, têm o oceano e pessoas maravilhosas. Não preciso de mais do que isto para sonhar com o vosso país, estou muito ansiosa por chegar.
Para saber mais
Discografia seleccionada
Z-Country Paradise: “Z-Country Paradise” (Z-Paradise Records, 2015)
KUU: “Sex Gegen Essen” (Shoebill Music, 2014)
Rico Repotente: “Dust on the Halo” (Goldrausch Records, 2012)
Andromeda Mega Express Orchestra: “Bum Bum” (Alien Transistor, 2012)
Yelena K & The Love Trio: “Yelena K & The Love Trio” (Double Moon Records, 2010)
Mark Sinan / Julia Hulsmann: “Fasil” (ECM, 2009)