Guimarães recebe “Ensaio de Orquestra” inspirado no filme de Federico Fellini
O espetáculo “Ensaio de Orquestra”, adaptação do filme realizado por Federico Fellini em 1978, é apresentado no Grande Auditório Francisca Abreu do Centro Cultural Vila Flor (CCVF), em Guimarães, a 11 de março, às 21h30, com a Orquestra de Jazz do Hot Clube de Portugal. Neste espetáculo, dirigido por Tónan Quito, é esta a orquestra que se encontra no palco do CCVF para fazer um ensaio. A orquestra, os instrumentos, os músicos e a música são utilizados como metáfora de uma sociedade em crise.
Fellini construiu um filme em torno de uma orquestra que recusa a sua natureza coletiva, e onde cada indivíduo tem uma visão egocêntrica do seu papel, unindo-se apenas pelo fito de destronar aquele que consideram ser o seu inimigo comum: o maestro. Na altura da estreia, o filme foi criticado por muitos; alguns viram nele uma apologia ao fascismo, outros entenderam que se tratava de uma abordagem política ingénua. Fellini tinha uma ideia muito própria: «uma parábola ética para provocar uma certa vergonha no povo, para mostrar que a loucura desorganizada das pessoas pode provocar a loucura organizada do Estado, a ditadura.»
Várias questões são lançadas: onde está a liberdade coletiva e individual? O que é que nós estamos aqui a fazer? Estamos a tentar construir qualquer coisa juntos, o quê? Para que é que serve? O espetáculo, com música original de Filipe Melo, que reparte ainda a responsabilidade do texto e dramaturgia com Quito, conta com um elenco alargado, de que fazem parte António Fonseca, Paula Diogo, Sara de Castro, o próprio Tónan Quito e a Orquestra de Jazz do Hot Clube de Portugal.
Para Gonçalo Marques, trompetista e também assistente na encenação, esta versão de “Ensaio de Orquestra” também se centra na relação entre política e arte, motivando reflexões sempre atuais: «No mundo em que vivemos que sentido faz alguém dedicar a sua vida a tocar um instrumento? Que sentido faz dedicar recursos preciosos para manter uma orquestra em funcionamento? Será que o poder catártico da música, a capacidade de cimentar as comunidades e unir seres humanos díspares compensa o esforço? Talvez a música seja mesmo a nossa salvação.»
Os bilhetes custam 10 euros (ou 7,5 euros com desconto) e podem ser adquiridos aqui, nas bilheteiras dos equipamentos culturais geridos pel’A Oficina (CCVF, Centro Internacional das Artes José de Guimarães, Casa da Memória de Guimarães ou na Loja Oficina) ou nas plataformas habituais.