, 24 de Agosto de 2022

Jaimie Branch (1983-2022)

A trompetista e compositora norte-americana Jaimie Branch, morreu na passada segunda-feira, 22 de agosto, na sua casa em Red Hook, Brooklyn, Nova Iorque. Tinha 39 anos de idade.

A notícia chegou devastadora, tanto mais que a havíamos visto e ouvido, intensa e vibrante, no recente Jazz em Agosto, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, rasgando fronteiras sónicas com os Anteloper (duo com o baterista Jason Nazary), como elemento essencial da Exploding Star Orchestra de Rob Mazurek ou dançando animadamente ao som do Damon Locks Black Monument Ensemble (ver reportagem da jazz.pt aqui).

Em entrevista, mencionou Don Cherry, Axel Dörner, Booker Little e Miles Davis entre as suas principais influências musicais. A forma como misturou a sua formação clássica com um interesse candente não apenas pelo jazz, mas também pelo hip hop, punk, música eletrónica e noise, fez dela uma figura de proa na cena mais aventurosa, tornando-a muito requisitada para trabalhar com gente tão diversa como Spoon, TV on the Radio, Never Enough Hope, Local H e Atlas Moth.

Jaimie Branch nasceu em Huntington, Long Island, em 1983, e começou a tocar trompete aos nove anos de idade. Aos 14 mudou-se para Wilmette, um subúrbio de Chicago. Após frequentar o New England Conservatory of Music, em Boston, regressou à cidade ventosa e começou a erguer uma carreira em nome próprio, como trompetista, compositora e engenheira de som, colaborando com músicos de relevo como Ken Vandermark, Tim Daisy, Keefe Jackson e Jason Ajemian, entre inúmeros outros.

Tocou também com o trio Princess, Princess, ao lado do contrabaixista Toby Summerfield e do baterista Frank Rosaly, em trios com Tim Daisy e Daniel Levin, Matt Schneider e Jason Adasiewicz, Chris Velkommen e Sam Weinberg. Juntamente com Jason Stein, Jeb Bishop e Jason Roebke fundou o grupo Block and Tackle. Em 2012, mudou-se para Baltimore, onde frequentou o mestrado em Jazz Performance na Towson University. Por esta altura, fundou a editora Pionic Records, que lançou a música do seu grupo Bomb Shelter. Dois anos depois abandonou a universidade, e partiu para Nova Iorque, também com o propósito de procurar tratamento para os seus problemas com a heroína.

Na primavera de 2015 fixou-se em Brooklyn, começando a trabalhar com Fred Lonberg-Holm, Mike Pride, Luke Stewart, Jason Nazary e Tcheser Holmes, entre muitos outros. Em 2016 trabalhou com um quarteto que se completava com Chad Taylor (bateria), Jason Ajemian (contrabaixo) e Tomeka Reid (violoncelo). Tocou e gravou com o trio do guitarrista suíço Dave Gisler.

Alcançou merecidíssima notoriedade com o seu projeto Fly or Die (estrondoso disco de estreia em 2017, a que se seguiram “Fly or Die II: Bird Dogs of Paradise”, de 2019, e um registo ao vivo lançado em 2021, todos na International Anthem) no já citado duo Anteloper, mas também no quarteto Mofaya! (com John Dikeman, Luke Stewart e Aleksandar Skoric), entre muitos outros projetos para os quais emprestou o seu som multidimensional, tão depressa eletrizante como nostálgico, e sempre interventivo.

Nós, os que gostamos de música viva e atenta ao presente, sentiremos a sua falta. Ela voou.

Agenda

28 Março

Daniel Levin e Samuel Ber / Biliana Voutchkova e Luka Toyboy

Sonoscopia - Porto

28 Março

Savina Yannatou, Julius Gabriel, Agusti Fernández, Barry Guy e Ramon López

Porta-Jazz - Porto

30 Março

Johannes Gammelgaard

Café Dias - Lisboa

30 Março

Pedro Branco e João Sousa “Old Mountain”

Miradouro de Baixo - Carpintarias de São Lázaro - Lisboa

30 Março

Marmota

Casa Cheia - Lisboa

30 Março

Filipe Raposo e Uriel Herman “Dois pianos, um universo”

Centro Cultural de Belém - Lisboa

30 Março

Inês Camacho

Cossoul - Lisboa

30 Março

Abyss Mirrors Unit

ZDB - Lisboa

30 Março

Daniel Levin, Hernâni Faustino e Rodrigo Pinheiro

Biblioteca Municipal do Barreiro - Barreiro

31 Março

Blind Dates

Porta-Jazz - Porto

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