, 7 de Junho de 2022

Grachan Moncur III (1937–2022)

Em 3 de junho – exato dia em que completou 85 anos de idade –, morreu Grachan Moncur III (1937-2022), um dos mais relevantes trombonistas da história do jazz, sobretudo nos campos do pós-bop e do free jazz.

Do seu percurso avultam discos marcantes como “Evolution” (1963), “Some Other Stuff” (1964) ou “New Africa” (1969). Também como sideman deixou em marca indelével em discos de Jackie McLean – “One Step Beyond” (1963) ou “Destination... Out!” (1964) – Beaver Harris – “My Point of View” (1963) – Wayne Shorter – “The All Seeing Eye” (1965) – Archie Shepp – “Mama Too Tight” (1966) ou “The Way Ahead” (1968) – Joe Henderson – “The Kicker” (1967) – Clifford Thornton – “Ketchaoua” (1969) – Sunny Murray – “Homage to Africa” (1969) ou William Parker – “In Order to Survive” (1995).

Nascido na cidade de Nova Iorque, filho do contrabaixista Grachan Moncur II – que desde cedo lhe passou o amor pela música –, membro dos Savoy Sultans e que gravou com Billie Holiday e Mildred Bailey. Descendia de uma família (pelo lado paterno) originária das Bahamas e foi criado em Newark, Nova Jérsia. Começou por tocar violoncelo com nove anos de idade, tendo-se decidido pelo trombone dois anos depois. Durante os estudos secundários, frequentou o Laurinburg Institute na Carolina do Norte, a escola privada em que estudara Dizzy Gillespie. Passou pela Manhattan School of Music e pela Juilliard School e começou a tocar com vários músicos de primeira linha, como o baterista Art Blakey e o saxofonista Jackie McLean, com quem manteria uma longa amizade. Ao contrário de muitos dos trombonistas envolvidos, como ele próprio, nos movimentos mais vanguardistas, foi muito influenciado pela abordagem de J. J, Johnson.

Moncur III andou em digressão com Ray Charles entre 1961 e 1963, para além de ter integrado grupos liderados pelo trompetista Art Farmer e pelo saxofonista Sonny Rollins, para além do Jazztet de Benny Golson (1962). É por essa altura que grava com McLean álbuns seminais como “One Step Beyond” e “Destination... Out!”, joias da Blue Note e incontornáveis momentos da história do jazz, para os quais também contribuiu sobremaneira como compositor. Em 1963 gravou o seu álbum de estreia em nome próprio, “Evolution” – com McLean, o trompetista Lee Morgan, o vibrafonista Bobby Hutcherson, o contrabaixista Bob Cranshaw e o baterista Tony Williams – e, no ano seguinte, “Some Other Stuff” , com Herbie Hancock e Wayne Shorter.

Juntou-se ao grupo de Archie Shepp (1967-69) e gravou com outros músicos vanguardistas como Marion Brown, Beaver Harris e Roswell Rudd (outro excelso trombonista). Durante uma estadia em Paris no verão de 1969, gravou dois álbuns como líder para a BYG Actuel, “New Africa” (1969) e o erroneamente intitulado “Aco Dei de Madrugada” (1970). Em 1974, a Jazz Composer's Orchestra encomendou-lhe “Echoes of Prayer”, composição para orquestra completa, cantores e solistas de jazz. O seu sexto álbum como líder, “Shadows” (1977) foi lançado apenas no Japão.

A partir de então, a sua saúde entrou em plano inclinado e teve igualmente problemas relacionados com direitos de autor, pelo que passou a gravar de forma bastante menos regular. Ainda assim, na década de 1980, gravou com estrelas emergentes como Cassandra Wilson, tocou ocasionalmente com a segunda encarnação da Paris Reunion Band (1986), com o saxofonista Frank Lowe e com os Soul Connection do pianista e organista “Big” John Patton, embora se tenha concentrado sobretudo no ensino. Ia a década de 1990 sensivelmente a meio quando  gravou o soberbo “In Order to Survive” do contrabaixista William Parker. Reapareceu em 2004 com um novo álbum, “Exploration”, com composições suas arranjadas por Mark Masters para um octeto onde pontificavam o trompetista Tim Hagans e o saxofonista Gary Bartz.

Com a sua partida, acendeu-se mais uma estrela no firmamento do jazz.

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