Rodrigo Amado apresenta novo grupo The Bridge
O saxofonista Rodrigo Amado acaba de anunciar um novo projeto. The Bridge é o nome deste seu novo grupo, um quarteto que conta com a participação de três gigantes da improvisação mundial: o pianista Alexander von Schlippenbach, o contrabaixista Ingebrigt Håker Flaten e o baterista Gerry Hemingway. O grupo vai estrear-se na Philharmonie du Luxembourg, mas promete não ficar por aí. Em exclusivo para a jazz.pt, Rodrigo Amado apresenta este seu novo projeto.
«No início do ano recebi um convite do Francisco Sassetti para tocar com um dos meus projectos na Philharmonie du Luxembourg. Pensei de imediato no Motion Trio, tendo como convidado o Alex von Schlippenbach, mas o Gabriel não podia nessa data. Pensei depois no quarteto com o Joe, o Kent e o Chris, mas o Joe também não podia. Para além disso os custos das viagens intercontinentais estavam altamente instáveis devido aos efeitos da guerra. Nesse momento vi-me confrontado com a necessidade de criar um outro grupo especificamente para o efeito. As condições eram bastante boas e isso permitia-me pensar em nomes de primeira linha. A primeira decisão foi relativa ao Alex. As experiências com Motion Trio - dois concertos, um em Vilnius, que deu origem ao disco, e outro em Berlim - tinham sido incríveis e o próprio Alex fex questão de dizer no final que gostaria de tocar de novo connosco. De seguida, ao pensar na secção rítmica, surgiu de imediato o nome do Ingebrigt. Dos músicos que andam neste circuito, é um daqueles com os quais desenvolvi uma forte relação de amizade. Há uns anos atrás havíamos tocado juntos no Texas, com o grande músico e amigo Dennis González, entretanto falecido, e há pouco tempo tocámos também na Noruega, em Trondheim. A ligação ficou forte.
Naquele momento tinha já saxofone, piano e contrabaixo, e a minha ideia era formar um quarteto clássico, à altura da sala onde íamos tocar. Faltava-me um baterista. A primeira escolha foi o Christian Lillinger, baterista que adoro e cuja música sigo de perto, mas que se revelou demasiado ocupado com os seus próprios projetos. No processo complexo de encontrar um baterista compatível com dois gigantes como o Alex e o Ingebrigt, veio-me à cabeça o nome do Gerry Hemingway. Ele tinha tocado, o ano passado, num mesmo festival onde toquei com os Humanization 4tet, em Saarbrucken. Adorei ouvi-lo. Foi para mim uma das grandes surpresas do Festival. Pelo estatuto do Gerry como músico - foi durante anos uma das minhas grandes influências, através do quarteto com o Braxton mas também pelos discos que gravou em nome próprio, sobretudo os quartetos e quintetos - sabia que era bastante improvável conseguir a sua participação. Mas sabia também que o mesmo poderia ser dito do Joe ou do Alex, e agora tocávamos juntos. Decidi escrever-lhe. O Gerry respondeu quase de imediato a dizer que estava interessado. Aparentemente tinha ouvido o nosso concerto em Saarbrucken e tinha também gostado muito.
Fiquei completamente feliz, super entusiasmado. De repente tinha reunido um quarteto brutal, com três dos músicos que mais marcaram o meu percurso no jazz. Um quarteto em que o confronto de estéticas, personalidades, gerações e diferentes origens musicais faz adivinhar uma música verdadeiramente especial. Depois de anunciado o projeto, o feedback recebido de músicos, ouvintes e programadores, foi tão forte que o quarteto ameaça agora vir a tornar-se numa formação de trabalho, com um horizonte de existência mais alargado. Gostaria muito que isso acontecesse.»