CHIII: quando a música muda para a Internet
O prolongamento dos efeitos da pandemia em todo o mundo, em termos de confinamento e de fecho dos espaços culturais, levou a que se repensasse o modo como os artistas do som passaram a apresentar as suas criações. Os “lives” em “streaming” da primeira vaga da Covid-19 deixavam muito a desejar devido às suas condições técnicas, pelo que o uso da Internet para a apresentação de projectos levou, com a segunda e a terceira vagas, a que se aproveitasse esse “medium” de melhores formas. Um exemplo especialmente interessante é o CHIII, um festival brasileiro (São Paulo) de música experimental e exploratória, incluindo no seu âmbito as práticas da improvisação, que arranca no próximo dia 13 de Abril.
Inaugurado em 2019, o CHIII de 2021 envolverá 40 músicos em 11 apresentações, tendo como plataformas a rádio AntenAZero, através de um “podcast” que ganhou o nome de Chiado, o Youtube e o portal festivalchiii.com. No primeiro caso, cinco programas promoverão encontros «às cegas» entre dois artistas. Um recebe as gravações de outro com o propósito de as co-criar e reinventar. Depois de os ouvirmos, uma conversa tratará dos processos utilizados e da intenção inerente de «provocar e despertar para o desconhecido». Nestes e noutros casos (por exemplo, acções formativas e debates entre músicos, editores, produtores, jornalistas e pesquisadores), o objectivo é «firmar uma frente de conteúdo pensado exclusivamente para a Internet sem a tentativa de simular um “show” real», com o festival a experimentar «consigo mesmo».
No alinhamento estão sobretudo nomes brasileiros e uns quantos da Argentina e do Chile, como Marcela Locatelli, Cadu Tenório, Rafael Cab, Luis Toto Alvarez, Inés Terra, Thainá Oliveira, Amanda Irarrázabal, Percorso Ensemble, Lilian Nakahodo, Taticocteau e outros, entre os quais a cantora Maria Beraldo (foto acima de Jonathan Wolpert).