Alcântara is the Place
Lisboa tem visto nascer uma série de novas lojas de discos, com predominância para o vinil. Com o abandono ou a redução da comercialização de música por muitas das grandes empresas, criou-se a oportunidade para o surgimento de lojas mais pequenas e especializadas. O fecho do shangri-la dos discos de jazz – a Trem Azul –, em julho de 2014, deixou-nos sem um local para ouvir, ler, comprar e falar sobre discos de jazz. Seis anos depois surgiu a Jazz Messengers pela mão de Carla Aranha, para repor esta falta. Noticiámo-la aqui, na jazz.pt (https://jazz.pt/breves/2020/03/05/lisboa-volta-ter-uma-loja-de-jazz/), quando estava planeada a inauguração, para dia 13 de Março, dia em que a pandemia fechou a loja e o País.
A Jazz Messenjers não inaugurou. Mas a determinação não foi infectada pelo vírus: os discos chegaram e agora, finalmente, a loja está aberta sem ter inaugurado, sem festas, beberetes e abraços, mas com todas as condições para vermos, falarmos e comprarmos rodelas pretas e CDs em segurança. Numa primeira visita vimos muita Soul Note maravilhosa, a ECM em peso, os novos valores dos jazzes inglês e de Chicago por via da International Anthem Recording Co. e de outras editoras, a preço muito simpático. Muita coisa capaz de encher um lar de alegria. Encontrei raridades e discos que queria testar ajudado pela responsável desta aventura comercial ou pelo sapiente Luís Oliveira. Mesmo ao lado, café, cadeiras e muito bom ambiente.
Antes que a economia volte a fechar é tempo de voltarmos aos locais que nos dão prazer e apoiar esta corajosa discoteca dedicada ao jazz. A loja fica no primeiro piso da Ler Devagar, a vistosa livraria da Lx Factory, em Alcântara. O nome é evocativo do grupo de Art Blakey, e a loja está ligada a um grupo de Barcelona, a Jazz Messengers Records. Aproveitem enquanto dá, porque não se sabe o que aí vem. (Gonçalo Falcão)