Jazz no Parque traz Dresser, Risser e Ceccaldi em Julho
Já se conhece o programa da edição de 2019 do Jazz no Parque, a realizar nos finais de tarde dos três primeiros sábados de Julho, como habitualmente no “court” de ténis dos jardins da Fundação de Serralves (Porto). O concerto de abertura, no dia 6, faz-se com um novo projecto de Pedro Melo Alves, designado por in igma. Com o baterista que ganhou o Prémio de Composição Bernardo Sassetti pelo seu Omniae Ensemble, e que ouvimos também nos formatos The Rite of Trio, Symph, Preto Mate e Conundrum, estarão Mark Dresser (EUA, foto acima) no contrabaixo, Eve Risser (França) no piano, Abdul Moimême na guitarra eléctrica preparada e três cantoras. São elas as portuguesas Beatriz Nunes e Mariana Dionísio e a norte-americana Aubrey Johnson. O que se vai ouvir combinará a crueza das texturas produzidas pelas cordas e pela percussão com o carácter holofónico de um coro em registos agudos, congregando as ideias composicionais de Melo Alves com uma boa dose de improvisação livre.
A 13, os Fail Better! de Marcelo dos Reis (guitarra eléctrica, membro de Pedra Contida e Staub Quartet), Albert Cirera (saxofones tenor e soprano – catalão hoje residente em Copenhaga, depois de ter vivido durante alguns anos em Portugal), Luís Vicente (trompete), José Miguel Pereira (contrabaixo) e Marco Franco (bateria) terão como convidado Théo Ceccaldi, jovem violinista que é hoje um dos protagonistas do jazz francês e que mais adiante ouviremos no Jazz em Agosto com o ensemble Freaks. O concerto traz bagagem, dadas as colaborações anteriores de Ceccaldi, dos Reis e Vicente nos Chamber 4, desta vez numa proposta musical em que as heranças do pós-bop e do free estarão mais presentes.
No dia 20 de Julho o duo nacional Ácidos, formado pelo baixista André Calvário (Dead Vortex, Signs of the Silhouette) e pelo baterista João Sousa (ParPar, Uivo Zebra) associa-se a um outro dueto de origem alemã, About Angels and Animals, formado por Julius Gabriel (saxofones tenor e barítono – actualmente fixado no Porto, base de trabalho de duas formações em que o encontramos, Paisel e Ikizukuri) e Jan Klare (saxofones alto e baixo – o mesmo que encontramos à frente da orquestra The Dorf). Com base no “riffing” típico do stoner rock ou do doom metal, mas adoptando a linguagem do jazz, espera-se da parceria o desenvolvimento de uma profunda «pesquisa espiritual» (terminologia comum a estes músicos) por meio de altas doses de energia.
A associação de artistas nacionais com convidados de outros países não surge ao acaso: na sua 28ª edição, o ciclo de concertos de Serralves aposta num maior relacionamento da «realidade musical do nosso país com as de terceiros», uma vez mais com o seu curador, Rui Eduardo Paes, a apresentar um cartaz de estreias absolutas.