Irreal: fim anunciado em festa
Às vezes (demasiadas até) as boas notícias vêm com as más. Uma má vai acontecer com o Bar Irreal, em Lisboa: as portas deste pequeno espaço de S. Bento que tem sido poiso de muitos concertos de improvisação e de jazz vão fechar em Fevereiro ou Março do próximo ano. O mesmo aconteceu já a outros nestes últimos tempos, num claro sinal de minguo de possibilidades de assistir a actuações ao vivo naquela que se tinha tornado numa das mais dinâmicas capitais europeias da música criativa. A boa que vem em consequência é o propósito de os próximos meses serem, ali, de festa. Para tal, os músicos Pedro Sousa e Gabriel Ferrandini (os dois membros do projecto PeterGabriel – foto acima de Sara Rafael) foram convidados a fazer programação, e esta inicia-se hoje mesmo, 3 de Outubro, com um solo do baterista Raphael Soares (Alforjs). Diz Ferrandini: «Vamos ter cerca de 20 “gigs” por mês, DJs, comida nova e curadoria de arte na sala ao lado, por Marco Benne. Queremos que estes meses sejam mega “sexy”.»
O cartaz de Outubro já está fechado, e inclui sessões de várias áreas musicais. Aquelas que dizem respeito aos leitores da jazz.pt são especialmente aliciantes. A 7, os dois programadores tocam em trio com Rodrigo Pinheiro. O dia 13 está reservado para a violoncelista Helena Espvall. A contrabaixista Margarida Garcia está marcada, igualmente a sós, para dia 19. Logo no dia seguinte, vez para os sintetizadores modulares de André Gonçalves. Os Dru de Riccardo Dillon Wanke (piano eléctrico), David Maranha (percussão, presumivelmente) e Manuel Mota (guitarra) surgem a 21. No dia 24 de Outubro apresenta-se a dupla de Piotr Damasiewicz (trompetista polaco) e Hernâni Faustino (contrabaixo). A 26, teremos os Dissection Room de Albert Cirera (saxofones tenor e soprano), Abdul Moimême (guitarra preparada) e Alvaro Rosso (contrabaixo). No dia 31, Manuel Mota regressa para uma prestação a solo. O Irreal despede-se, pois, em grande.