Out.Fest traz Tarasov e Draksler
Na sua edição de 2018, o barreirense Out.Fest continua a não esquecer no seu programa o jazz criativo e a improvisação. E fá-lo, logo a abrir o festival no dia 5 de Outubro (Edifício A4 Baía do Tejo), pelas 18h00, com Vladimir Tarasov a solo (foto acima, de Alexander Zabrin), membro do histórico Ganelin Trio e parceiro de aventuras de Anthony Braxton, Andrew Cyrille, Thomas Stanko e do Rova Saxophone Quartet. Vai apresentar o projecto “Thinking of Khlebnikov”, o seu tributo a uma das figuras maiores do futurismo russo. No mesmo dia, mas na ADAO e às 21h30, outro solo de bateria, este nas mãos do portuense João Pais Filipe, coincidindo com o lançamento do seu primeiro disco com este formato. O colaborador de Rafael Toral no Space Quartet deter-se-á especialmente na exploração das propriedades acústicas de instrumentos percussivos de metal por ele próprio construídos. Segue-se, no mesmo espaço, às 23h00, mais uma retoma do projecto “Belzebu” pelos Telectu de Vítor Rua e António Duarte, com Jorge Lima Barreto na lembrança.
Na tarde do dia seguinte, a partir das 16h30, serão três as intervenções femininas na Escola de Jazz do Barreiro. A primeira estará a cargo de Clothilde, nome de trabalho de Sofia Mestre no âmbito da electrónica improvisada, com referência em figuras como Pauline Oliveros, Maryanne Amacher e Eliane Radigue. Sobe depois ao palco a pianista eslovena Kaja Draksler, uma antiga aluna de Vijay Iyer e Jason Moran que se formou com uma tese sobre Cecil Taylor e tem entusiasmado os seus ouvintes, seja com o duo que formou com Susana Santos Silva como à frente do seu octeto. O painel fecha com a norte-americana Lea Bertucci, que se caracteriza por equacionar factores biológicos e tecnológicos numa música que envolve saxofone alto, clarinete baixo, bandas magnéticas e difusão multicanal.
Para as 18h30, na Biblioteca Municipal do Barreiro, está agendado o Space Collective 3 de Rafael Toral com “Moon Field”, projecto de transição do Space Program para algo que está em construção, mas tem óbvias conexões com o passado ambientalista deste músico que trocou a guitarra por amplificadores transformados. Com ele estarão Ricardo Webbens em sintetizadores modulares e Riccardo Dillon Wanke em piano eléctrico Fender Rhodes. Às 19h00, no Largo do Mercado 1º de Maio, actua o grupo HHY & The Macumbas de Jonathan Uliel Saldanha com o seu muito ritualístico e hipnótico “cinema para os ouvidos”, assente em polirritmias e em usos disruptivos de dispositivos electrónicos vários. A Sun Ra Arkestra é uma inspiração evidente.