Abril especial no Hot Clube
O lisboeta Hot Clube de Portugal tem agendados alguns concertos muito especiais para Abril. A 7, 8 e 9 apresenta-se o transnacional European New Quartet, com um saxofonista espanhol que nos é bem familiar, Perico Sambeat, o pianista francês Benoit Sourisse, o contrabaixista italiano Massimo Cavalli e o baterista belga André Charlier. Nos dias 14, 15 e 16 toca um reformulado João Lencastre’s Communion, com o baterista a ser acompanhado pelo catalão Albert Cirera no saxofone tenor e pelos portugueses André Fernandes na guitarra eléctrica, João Paulo Esteves da Silva no piano e Nelson Cascais no contrabaixo e no baixo eléctrico.
Seguem-se duas formações vindas da Alemanha – a primeira com uma contribuição suíça. A 21 de Abril actuam os My Friend the Tree, trio formado por Rudi Mahall (clarinete baixo), o suíço Florian Stoffner (guitarra eléctrica) e o veterano Paul Lovens (bateria, foto acima). Nos dias seguintes, 22 e 23, será a vez dos Hyperactive Kid, grupo do já nosso bem conhecido baterista Christian Lillinger («o novo Tony Williams», no dizer de Joachim Kuhn) com Phillipp Grpper no saxofone tenor e Ronny Graupe na guitarra.
A vinda do European New Quartet a Portugal acontece apenas umas semanas depois do lançamento do disco de estreia do grupo, agendada para este mês de Março, pela Gemini Records. A música que se vai ouvir tem tanto de lírica e melódica quanto de swingante e jubilatória. Quanto aos Communion, será bem diferente a abordagem das composições de Lencastre, que antes ouvíamos na interpretação de músicos como David Binney, Phil Grenadier, Jacob Sacks e Thomas Morgan. Numa música largamente improvisada, cada mudança de executantes determina uma transformação nas tramas. Um factor de curiosidade resulta da inclusão de Cirera, músico radicado em Lisboa que habitualmente encontramos nos circuitos mais vanguardistas.
Ainda sem discos publicados, os My Friend the Tree juntam dois habituais colaboradores de Alexander von Schlippenbach provenientes de gerações diferentes, Mahall e Lovens (um participou no projecto Monk’s Casino, o outro integra o histórico Schlippenbach’s Trio), a um guitarrista (Stoffner) que ganhou nome junto de Daniel Humair. Numa altura em que Paul Lovens começa a restringir as suas aparições públicas, devido a problemas de saúde, a sua passagem por Lisboa ganha uma importância particular.
Já os Hyperactive Kid são dos mais interessantes representantes da nova geração de músicos de jazz de Berlim, autores de uma música irrequieta e nervosa que assimila a energia do rock e as “open forms” do free em sempre desafiantes jogos de relação entre o composto e o improvisado.