RIP Paul Bley
A 3 de Janeiro de 2016 morreu Paul Bley, um pianista com uma forma de tocar elegantíssima: a sua mão direita conseguia usar todo o potencial expressivo das teclas do piano, tocando de forma extremamente expressiva. Na música de Bley importam as notas; mas também interessa muito o que está entre as notas. Não é propriamente o silêncio, é uma expectativa: a criação de um espaço que é simultaneamente lírico e abstracto.
Nascido no Canadá em 1932, Bley começou por ser um pianista pouco identificável, com um estilo entre Oscar Peterson e Bill Evans, mas com o tempo foi emergindo e ganhando voz própria. Uma das suas obras-primas, "Open to Love", editada pela ECM em 1972, é também o seu primeiro disco a solo. Aos 40 anos de idade. Nele se detectam, sobretudo, uma forma distintiva de abordar os temas e uma maneira fluida de integrar o seu instrumento na música de grupo. Uma audição mais atenta revela ainda a qualidade rara de soar acessível e ao mesmo tempo construir música complexa com ideias sofisticadas.
Tendo tocado com um mar de gente interessante, de Charles Mingus a Ornette Coleman, Bley construiu uma carreira serena, feita de permanência e de trabalho constante. «Practice makes perfect. Imperfect is better.» O músico contava com 83 anos. As causas da morte não foram anunciadas pela família e pela sua editora, a ECM.
Sugestões auditivas: (enquanto “sideman”) Coleman Hawkins / Sonny Rollins: “Sonny Meets Hawk! “(1963); “Barrage” (1964);”Closer” (1965): “Blood” (1966); “Open to Love” (1972); “Axis” (1977); “Plays Carla Bley” (1991); “Time Will Tell” (1994); “Caravan Suite” (1994); “Annette” (1995); “Solo In Mondsee” (2007); “Oslo Concert” (2008). Gonçalo Falcão