Carlota Pinto Leite, 25 de Outubro de 2022

Carlota Pinto Leite

Retratar emoções

texto: António Branco / fotografia: Carlota Pinto Leite

Até 30 de novembro estará patente no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores, a exposição “Drums”, da autoria da artista plástica Carlota Pinto Leite, no âmbito da 23.ª edição do festival Angrajazz. A jazz.pt falou com ela.

Até 30 de novembro estará patente no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores, a exposição “Drums”, da autoria da artista plástica Carlota Pinto Leite, inspirada nas emoções e sentimentos transmitidos pelo jazz. A exposição insere-se no âmbito da 23.ª edição do festival Angrajazz (ler a reportagem da jazz.pt aqui).

Nascida no Porto em 1997, Carlota mudou-se para Lisboa e em 2018 para Londres onde se licenciou em Fine Art: Painting na Universidade das Artes, admite uma paixão desde muito jovem pelo desenho e uma curiosidade ainda maior pela pintura. Com o início da pandemia, regressou a Lisboa onde trabalhou até março de 2022 no espaço artístico Unobvious Lab na organização de exposições e eventos, enquanto artista principal.

Presentemente reside em Barcelona onde desenvolve novos projetos artísticos. «Sou fascinada por rostos, movimentos e expressões de indivíduos e, através de tinta acrílica, exploro diferentes técnicas com o uso de muita cor», começa por explicar à jazz.pt «O foco no meu trabalho não é quem é retrato mas o porquê, que cabe à interpretação de cada um. Assim como a música, o objetivo é ouvir/ver e criar a própria imagem através do que se sente e se imagina. “Drums” resulta portanto desta relação entre música e pintura, duas constantes na minha vida», acrescenta.

A artista plástica revela o momento em que surgiu a oportunidade de apresentar esta exposição no âmbito do Angrajazz. «A altura em que se começou a preparar o evento musical coincidiu com a altura em que eu estava a produzir os quadros de jazz. Os mesmos foram apresentados à organização e fui então convidada para fazer parte do festival Internacional. Fazia todo o sentido e portanto avançou-se com a ideia!» O seu interesse pelo jazz radicará no facto de ter membros da família ligados à música: «Tenho um avô pianista, um tio cantor lírico, uma tia cantora de ópera e, no geral, uma família muito ligada à música. Fiz também ballet durante muitos anos. A música faz parte de mim, e o jazz especificamente, é um gosto pessoal que fui desenvolvendo ao longo da minha vida», refere a artista plástica.

Esta sua faceta enquadra-se assim com naturalidade no restante trabalho que desenvolve: «O meu trabalho é um reflexo do que sou, sendo a música um pilar gigante e fundamental no meu processo. Assim, todo o meu trabalho, direta ou indiretamente cria-se por movimentos musicais, emocionais e de improviso, como o jazz. Sendo um músico, uma cara abstrata ou um corpo nu, o significado das formas é o mesmo.» A artista pretende, acima de tudo, retratar as emoções. «Gosto de expressar os meus sentimentos através dos outros e para os outros. Quero que as pessoas consigam sentir o que eu sinto e de certa forma criar essa ligação através da criatividade de cores e movimentos. A música anima, conforta e acalma: ouve se mas também se sente, e é essa melodia que quero fazer passar no meu trabalho.»

Entre as suas principais referências musicais está Miles Davis, «talvez por ter sido uma das primeiras encomendas musicais de quadros que fiz e em que senti que me identifiquei completamente com o tema tanto a nível pessoal como artístico.» Quisemos saber acerca do título que escolheu para esta exposição: «“Drums” é uma palavra que remete a música, barulho, força, persistência. Achei por bem associar isso à exposição pois, mesmo com base no jazz, remete para uma força rítmica e artística constante do meu trabalho que quero transmitir ao público.» Apesar do título da exposição, nela não existem imagens de bateristas ou percussionistas. «A ideia do nome da exposição não é mostrar o que é retratado em concreto, mas sim a forma como é construído. E quem sabe, talvez apareçam uns na próxima exposição!» A relação entre música e artes plásticas é uma área que pretende continuar a explorar. «Não há uma sem outra», sublinha.

E o que poderemos esperar de Carlota Pinto Leite nos próximos tempos? «Tendo estado presente no Angrajazz, a inspiração respira ainda mais forte em mim agora. Podem esperar muito movimento, mais formas abstratas e mais cores!»

Agenda

23 Setembro

Quarteto de Desidério Lázaro

Jardim Botânico - Lisboa

23 Setembro

Oblíquo Trio

Jardim Luís Ferreira - Lisboa

23 Setembro

Bernardo Tinoco / João Carreiro / António Carvalho “Mesmer”

Jardim da Estrela - Lisboa

23 Setembro

Ana Luísa Marques “Conta”

Porta-Jazz - Porto

23 Setembro

Igor C. Silva, João M. Braga Simões e José Soares

Arquipelago – Centro de Artes Contemporâneas - Ribeira Grande

23 Setembro

Rodrigo Santos / Pedro Lopes

Jardim Luís Ferreira - Lisboa

23 Setembro

Al-Jiçç

Centro Cultural da Malaposta - Odivelas

23 Setembro

José Lencastre, João Hasselberg, João Carreiro e Kresten Osgood

Cossoul - Lisboa

23 Setembro

Ricardo Jacinto "Atraso"

Centro Cultural de Belém - Lisboa

23 Setembro

Tcheka & Mário Laginha

Teatro Municipal Joaquim Benite - Almada

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