Exposição de fotografia de Nuno Martins
Fundamentalmente, a cor
Palco regular de concertos, a Cossoul tem sido um espaço privilegiado para quem acompanhe a cena da improvisação livre em Lisboa. O fotógrafo Nuno Martins vem documentando o ciclo de concertos “Noites Phonogram Unit” e daqui resultou uma exposição de fotografia. Porque a música também se pode ver, estivemos à conversa com o fotógrafo.
Palco regular de concertos de improvisação livre, a Cossoul, em Lisboa, tem sido um espaço privilegiado para quem acompanhe a cena em Lisboa. A editora Phonogram Unit tem sido responsável pela programação semanal de concertos e por aquele espaço têm atuado músicos como Hernâni Faustino, Rodrigo Pinheiro, Clara Lai, Maria do Mar, Jorge Nuno, Maria da Rocha, Carlos “Zíngaro”, Ernesto Rodrigues, Helena Espvall, Luís Lopes e Luísa Gonçalves, entre outros. O fotógrafo Nuno Martins vem documentando este ciclo de concertos “Noites Phonogram Unit” e daqui resultou uma exposição de fotografia, que foi inaugurada no dia 13 de outubro.
Nuno Martins é um dos mais ativos fotógrafos da cena musical lisboeta, tendo documentado concertos de jazz e música improvisada há largos anos, sendo também um colaborador histórico da jazz.pt. Estivemos à conversa com o fotógrafo, que começa por explicar como surgiu a ideia de fazer esta exposição: «A ideia surgiu naturalmente. Não foi nada planeado ou projetado. A Phonogram Unit tem um ciclo semanal de concertos na Cossoul, e numa noite de conversas cruzadas falou-se do espaço expositivo que a Cossoul tem disponível... e surgiu a ideia da exposição. E tudo fez sentido naquele espaço. Se a Cossoul acolhe os concertos curados pela Phonogram Unit, os quais regularmente fotografo, então faria sentido a exposição ser com fotografias que retratassem essas noites de encontros musicais.»
O fotógrafo fala-nos sobre as características visuais que considera que atravessam as fotografias desta exposição: «Fundamentalmente, a cor. A sala é quente devido ao vermelho das paredes e ao amarelo emanado pelos candeeiros. Depois, o contraste, ou equilíbrio, se quiseres, é proporcionado pelos azuis dominantes dos projetores sobre os músicos. Daí que há este estranho contraste entre o quente do ambiente da sala e o frio dos projetores, o que resulta numa palete de cores diversificada e equilibrada. Um contraste estranho mas que é muito bonito. »
O fotógrafo tem um enorme arquivo de fotografias de concertos, muitas delas disponíveis no seu site www.nmartins.com. Nuno Martins fala sobre eventuais planos de partilhar este material noutro formatos: «Planos há. Ideias há. Já houve exposições anteriores, noutros espaços, e podem sempre vir a acontecer. Dependerá sempre da oportunidade, disponibilidade e vontade de acolhimento. Um livro... sim, o projeto existe e avançará futuramente. Mas não sei quando.»
Sendo um dos rostos mais regulares nos concertos de jazz, música improvisada e até rock em Lisboa, Martins tem assistido a centenas de concertos ao longo dos últimos anos. Deixámos-lhe o desafio: quais terão sido os concertos mais marcantes da sua vida?: «Ui! Pergunta do milhão de dólares. Há muitos e por razões diferentes. Depende do momento de vida, do estado emocional, da disponibilidade mental, do espaço, do ambiente, e... da própria música, a qual faz colar tudo isto para que a experiência seja total. De repente, lembro-me de alguns, mas fazer disso uma lista é uma tarefa inglória, porque esses tais concertos, cada um à sua maneira, têm significados e impactos diferentes.»
Em sequência, não poderíamos deixar de questionar: quais as suas fotografias favoritas, dos concertos que já fotografou. Responde Martins: «Um pouco na linha da resposta anterior. Por vezes vês uma série de fotografias de um concerto, e de imediato, saltam à vista duas ou três que têm aquele fator “uau”. Mas, mais tarde, dois, três, seis meses depois, quando regressas à mesma série, com distância crítica, de repente vês uma outra fotografia e pensas: sim, esta é que é “a tal”. Selecionar duas ou três é uma tarefa ciclópica e iria deixar-me muito angustiado...»
A exposição “Noites Phonogram Unit” está patente até 10 de novembro e pode ser visitada de terça a sábado, entre as 18h00 e as 22h00, com entrada livre.