Marta Rodrigues, 28 de Fevereiro de 2022

Marta Rodrigues

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texto: Nuno Catarino / fotografia: Idalete Madeira

Cantora e compositora, Marta Rodrigues vai apresentar-se ao vivo no Hot Clube, no ciclo “Newcomers” – dedicado a talentos emergentes. Marta Rodrigues vai interpretar um conjunto de composições originais ao leme de um quinteto onde tem a companhia de Duarte Ventura, Luís Lélis, Gonçalo Naia e João Sousa. 

A cantora fala sobre os seus primeiros contactos com o jazz: «Por influência dos meus pais, grandes apreciadores de música e músicos semi-profissionais, tive desde cedo um contacto muito próximo com a música e com o meio musical. Comecei a aprender violino, aos quatro anos, na Academia de Música de Lagos, onde permaneci até aos 15 anos. Em 2007, surgiu aos meus pais a oportunidade de formarem uma escola de música em parceria com uma associação de Lagos, e foi a partir daí que comecei a aprender clarinete e saxofone com o meu pai, paralelamente ao violino. Nessa mesma escola, aos nove anos, por gostar muito de cantar, desafiaram-me a fazê-lo pela primeira vez em público com uma formação de big band reduzida, com as célebres canções “Garota de Ipanema” e “Água de Beber” e mais tarde, com onze anos, os meus primeiros standards de jazz, “Blue Moon” e “The Lady is a Tramp”. Ainda sem aulas técnicas de voz, tive algumas sessões de estudo com a minha mãe que apesar de não ser cantora, me ensinou a compreender e interpretar os temas, para além de me dar a conhecer muitos cantores que ainda hoje têm uma grande influência na minha maneira de cantar.»

A aprendizagem mais formal teve início em 2014: «inscrevi-me num curso de introdução ao jazz, dirigido pelo trompetista Hugo Alves, que despertou o meu gosto por esta linguagem, nomeadamente no que toca à improvisação. No ano seguinte, terminei esse mesmo curso, concluí o 5.º grau em violino e tomei a importante decisão de ingressar no curso profissional de Jazz no Conservatório de Música da Jobra, que me permitiu dedicar a 100% à música jazz e me ajudou a criar as competências necessárias para começar a traçar o meu caminho neste meio. O acompanhamento que tive por parte dos professores, especialmente pelo Luís Castro, foi um fator determinante no meu percurso. No fim desses três anos segui diretamente para a licenciatura na Escola Superior de Música de Lisboa onde tive oportunidade de estudar com músicos que admiro imenso, como é o caso da professora Maria João, que me deu uma nova perspetiva do que é ser cantora e incentivou a criação do meu próprio projeto. Atualmente, continuo a estudar nessa mesma instituição, no primeiro ano de Mestrado em Ensino de Música.»

Marta Rodrigues vai levar ao Hot Clube um quinteto, com Duarte Ventura (vibrafone), Luís Lélis (piano), Gonçalo Naia (contrabaixo) e João Sousa (bateria). A cantora explica porque escolheu estes músicos e esta formação instrumental: «Quando pensei formar o meu projeto, desde logo percebi qual era a instrumentação que queria. Tive a sorte de poder contar com colegas amigos, que para além de serem excelentes músicos, são também pessoas humildes e abertas a todas as minhas ideias. Este conjunto de músicos proporciona uma diversidade sonora, pelas suas diferentes escolhas musicais, que muito valoriza as minhas composições.»

Além de performer, Marta Rodrigues também assina a composição dos seus próprios temas originais: «O processo de composição foi maioritariamente ao piano, algumas surgiram de ideias aleatórias que ia tendo, outras resultaram de uma experimentação forçada de sonoridades ou estilos específicos. Como muitas das músicas foram compostas já a pensar na instrumentação, à medida que ia cantando e tocando no piano imaginava imediatamente o papel de cada instrumento na composição. Relativamente às músicas com letra, o processo foi sempre idêntico: primeiro surge uma ideia musical, depois o poema e por fim, a melodia em simultâneo com a harmonia, respeitando a letra e o ambiente proposto pela ideia inicial. A exceção foi uma música composta em torno do poema “Why do I desire”, de Fernando Pessoa.»

Quanto a inspirações e influências, confessa: «é difícil enumerá-las todas, porque considero que tudo o que ouço e já ouvi me influencia de alguma forma, independentemente do estilo musical. Posso dizer que provavelmente a minha maior influência venha do jazz contemporâneo europeu e português, desde Sara Serpa a Kenny Wheeler. Sou simultaneamente influenciada pelos meus colegas e pelos músicos que me rodeiam e mantenho contacto próximo. Nas minhas composições, a voz assume maioritariamente um papel instrumental, no entanto existem também canções com letras em português e inglês. Procuro evocar diferentes ambientes musicais através de uma profunda exploração de texturas e timbres, assim como elementos de improvisação livre.»

O futuro está do seu lado. A cantora fala-nos sobre os seus planos e projetos: «Nos próximos tempos quero continuar a investir neste projeto, fazendo concertos para rodar o repertório e aprofundar a ligação entre os músicos, e muito provavelmente lançar um disco. Outros projetos muito recentes a que quero dar continuidade são o duo que partilho com o saxofonista Bernardo Tinoco e outro duo com o pianista Luís Lélis. Para além destes e de outros projetos que poderão aparecer entretanto, tento manter-me ativa na participação com a Orquestra Ligeira de Lagos, de forma a sustentar a ligação com a minha cidade natal.»

Agenda

07 Junho

Choro do Neckar

Cascais Jazz Club - Cascais

08 Junho

Afonso Pais e Tomás Marques

Miradouro de Baixo - Carpintarias de São Lázaro - Lisboa

08 Junho

George Esteves

Cascais Jazz Club - Cascais

08 Junho

Jam session

Sala 6 - Barreiro

08 Junho

Paula Sousa, João Moreira e Romeu Tristão

Távola Bar - Lisboa

09 Junho

Pedro Neves Trio “Hindrances”

Parque Central da Maia - Maia

09 Junho

No-Bise

Nisa’s Lounge - Algés

09 Junho

Lorena Izquierdo, Alvaro Rosso e Abdul Moimême

Cossoul - Lisboa

09 Junho

MOVE

BOTA - Lisboa

09 Junho

Mané Fernandes “Matriz Motriz”

Parque Central da Maia - Maia

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